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BNDES empresta mais no governo Lula
Na média anual, instituição emprestou R$ 42,6 bilhões; cifra supera em 64,5% o valor dos desembolsos do 2º mandato de FHC
Apesar da expansão, o setor de infra-estrutura, uma das prioridades do banco, não viu os recursos aumentarem de um governo para outro
DA SUCURSAL DO RIO
No governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) emprestou, na média
anual, R$ 42,6 bilhões. A cifra
supera em 64,5% os R$ 25,9 bilhões desembolsados, em média, no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso. Nos primeiros quatro
anos do governo FHC, os empréstimos somaram R$ 13,4 bilhões.
Corrigidos pelo IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado),
os valores já consideram a evolução da inflação. Para 2006, foi
utilizada a previsão do banco de
emprestar R$ 50 bilhões no cálculo da média anual. Até novembro, o banco havia desembolsado R$ 42 bilhões.
Os desembolsos aumentaram na esteira do orçamentos
maiores do banco, com a expansão dos recursos do FAT
(Fundo de Amparo do Trabalhador) e dos maiores retornos
dos empréstimos.
Mas, apesar do crescimento
dos desembolsos, o BNDES não
conseguiu aumentar os empréstimos para o setor de infra-estrutura, escolhido a partir de
2005 como uma das prioridades do banco.
No primeiro mandato de
FHC, a infra-estrutura recebeu
39,8% dos recursos, na média
anual. No segundo, o percentual foi de 34%. Nos três primeiros anos de Lula, está em
35%. De janeiro a novembro de
2006, o percentual ficou de
32%.
Para estimular empréstimos
ao setor, os "spreads" (diferença entre a taxa de captação e a
do empréstimo, que remunera
o banco) para projetos de infra-estrutura foram reduzidos de
até 3% acima da TJLP (atualmente em 6,85% ao ano) para
de zero a 1,5% além da taxa.
Também foram diminuídas as
taxas para bens de capital e investimentos em inovação, outras prioridades do banco.
"O resultado final do desembolso não expressa uma prioridade do banco. Isso porque o
BNDES, diferentemente do
que às vezes se imagina, não escolhe os projetos. Depende da
demanda", disse à Folha o presidente do BNDES, Demian
Fiocca.
Já a indústria ficou, na média
anual, com 46% dos empréstimos do BNDES nos três primeiros anos do governo Lula. O
percentual subiu para 54% de
janeiro a novembro deste ano.
No segundo mandato de FHC,
era de 47,6%.
Para Fiocca, o crescimento
dos desembolsos da indústria
reflete "especialmente o ciclo
de grandes investimentos que
o Brasil entrou em 2004." Ele
citou os empréstimos recordes
aprovados neste ano à Suzano
(R$ 2,4 bilhões), à Klabin (R$
1,7 bilhões) e à CST (R$ 719 milhões). No setor de infra-estrutura, o presidente do banco estatal destacou o financiamento
à ferrovia Transnordestina, um
projeto controlado pela CSN.
Foram R$ 500 milhões, com
"spread" zero por se tratar de
ferrovia e estar no Nordeste.
Fiocca afirmou que "o
BNDES não sofreu escassez de
recursos". Neste ano, o banco
tinha um orçamento de R$ 60
bilhões.
"Para todos os projetos que
se viabilizaram, o banco teve
recursos e emprestou-os. Não
tirou de nenhum lugar para colocar em outro", disse Fiocca.
Otimismo ao final do ano
Depois de um primeiro trimestre muito fraco (queda de
28%), os desembolsos do
BNDES reagiram e cresceram
5% no acumulado de janeiro a
novembro.
Segundo Fiocca, os primeiros dados de dezembro o deixaram otimista e ele passou a
acreditar que a previsão de emprestar R$ 50 bilhões em 2005
será superada.
"As primeiras indicações para dezembro são otimistas. Vamos superar a previsão de 5%
de crescimento em relação ao
desembolsos de 2005". No ano
passado, o BNDES emprestou
R$ 47 bilhões.
(PEDRO SOARES)
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