São Paulo, segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em favela, clientes só obtêm financiamento se for em grupo

DA REPORTAGEM LOCAL

A reportagem da Folha acompanhou o dia de um agente de microcrédito nas favelas União Vila Nova e Pantanal, na zona leste de São Paulo. A dificuldade é saber como a pessoa vai investir o dinheiro e depois como vai pagar, mesmo que tenha o nome sujo, não consiga comprovar renda, tenha um fiador ou bens para alienar.
Salvador José de Souza, 46, dono de um bar em União Vila Nova, renovou sozinho pela segunda vez o seu financiamento. No passado, ele se associou a cinco pessoas e tomou emprestado R$ 6.800. Os sócios não pagaram e ele assumiu a dívida. Hoje, conseguiu a confiança do banco para tomar sozinho financiamento para adquirir mantimentos e um freezer. "Eu tirava R$ 600, R$ 700 por mês. Aumentei para R$ 1.000."
José Domingos Ferreira pediu R$ 2.000 para investir na loja de roupas que comprou para mulher, que deixou o emprego no final do ano. Como está há apenas um mês no comércio, pode ter o pedido negado. No microcrédito, os bancos pedem seis meses de experiência do empreendedor. O objetivo é evitar pessoas de fora do ramo.
Dona de uma mercearia, Célia Alves Sousa conseguiu renovar seu crédito. Ela tem outros dois colegas -um dono de padaria e um vendedor de roupas- com quem pede empréstimos há quatro anos. "Trabalho de domingo a domingo, a partir das 6h." Questionada sobre o faturamento, ela se atrapalha. "Não sei quanto ganho, não faço as contas." Na parede, uma placa resume o dia na favela: "Sem luta não há vitória".


Texto Anterior: Recursos represados no BC chegam a R$ 1 bi
Próximo Texto: Baixa renda atrai interesse de mexicanos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.