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Governo terá que deduzir despesas para cumprir meta
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do bom resultado das
contas públicas em novembro,
puxado pelo aumento da arrecadação, o governo precisará
também de uma manobra contábil para cumprir a meta fiscal
para 2009. O Banco Central
prevê que a economia para pagar os juros da dívida (superavit
primário) neste ano fique em
2% do PIB (Produto Interno
Bruto), perto de R$ 60 bilhões.
Como o objetivo do setor público é economizar cerca de R$
75 bilhões (2,5% do PIB), o governo terá de utilizar, pela primeira vez, o dispositivo legal
que permite reduzir essa meta
descontando os investimentos
em infraestrutura, que estão
dentro do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
O BC estima que o valor desses gastos será suficiente para
cobrir essa diferença. Nos últimos 12 meses, o governo investiu R$ 15 bilhões nessas obras,
exatamente a diferença entre a
meta e a economia prevista.
Originalmente, a meta do setor público (União, Estados e
municípios) era economizar
quase o dobro desse valor para
ajudar na redução da dívida pública. Mas a queda na arrecadação por conta dos efeitos da crise financeira na economia brasileira e o aumento nos gastos
públicos obrigaram o governo
federal a reduzir essa meta.
Essas mudanças não preocupam os analistas, que avaliam a
redução do superavit neste ano
de crise como necessária e que
não provocará alta explosiva da
dívida. A preocupação é com os
gastos públicos, principalmente o reajuste do funcionalismo,
o que vai obrigar os próximos
governos a economizarem
mais para pagar essa conta.
No governo, a avaliação é que
a queda no superavit primário e
o aumento da dívida pública no
Brasil são menores do que nos
países desenvolvidos, que estão
gastando mais para conter a
crise e vão ter retração maior
do PIB. Além disso, o endividamento do país, na comparação
com as riquezas produzidas,
deve voltar a cair em 2010.
A dívida do setor público
equivale hoje a 43% do PIB, acima dos 37,3% ao fim de 2008.
Metade dessa alta se deve à
queda no superavit; a outra metade, à valorização do real, que
afeta negativamente a dívida, já
que o Brasil tem mais ativos do
que compromissos em dólar.
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