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Álcool deixa de ser vantajoso em SP
Levantamento mostra que o custo do álcool já se equipara ao da gasolina para quem abastece o carro
Entressafra da cana deve trazer novos aumentos, que podem ser interrompidos se o consumidor optar por abastecer com gasolina
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O álcool perdeu a competitividade em relação à gasolina
em São Paulo nesta semana. É a
primeira vez que isso ocorre na
capital paulista e a tendência é
que essa perda de vantagem se
amplie para outras regiões do
país devido aos recentes aumentos de preços do combustível nas usinas.
A Folha realiza pesquisa semanalmente em 50 postos da
capital paulista e a desta semana indicou que o preço médio
do álcool já está em R$ 1,745
por litro, 70% do da gasolina,
que é de R$ 2,494 por litro.
Ou seja, essa média de preços
apurada pela Folha indica que
os custos do álcool se equiparam aos da gasolina durante o
abastecimento. O álcool deixa
de ser competitivo quando os
preços do produto atingem
70% dos da gasolina.
Ao parar nos postos de abastecimento, os consumidores
devem ficar atentos a essa paridade porque em vários estabelecimentos o álcool já é negociado a R$ 1,899 em São Paulo,
o que equivale a 76% do valor
médio da gasolina.
Ao atingir média de R$ 1,745
por litro nesta semana, o álcool
registrou o maior valor desde
abril de 2006, quando a oferta
do produto também foi reduzida na entressafra.
A alta nos preços desse combustível na semana foi de 5%,
segundo a pesquisa da Folha. E
essa pressão deve continuar
porque ontem o Cepea (Centro
de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP,
que acompanha os preços do
produto nas usinas, mostrou
nova elevação.
O litro do hidratado foi a R$
1,1019, com aumento de 1,04%
na semana. Já o anidro foi a R$
1,2097, com alta de 1,16%. Os
preços nas usinas não contêm
impostos.
Novidade
A perda da vantagem do álcool em relação à gasolina é novidade em São Paulo e é a primeira vez que isso ocorre, de
acordo com Antonio de Padua
Rodrigues, diretor técnico da
Unica, entidade que congrega
as usinas.
"A evolução dos preços agora
vai depender do ímpeto do
mercado. Se o consumidor ficar
indiferente a esses preços e a
demanda não cair, o custo do
etanol vai subir ainda mais.
Mas, se o consumidor optar pela gasolina, a tendência é que os
preços do etanol recuem."
Existe produto para a entressafra, mas não o suficiente para
cobrir a demanda de 1,4 bilhão
de litros por mês -volume médio mensal consumido de abril
a dezembro. O ajuste entre a
oferta e a demanda do produto
vai ser feito pelo preço, na avaliação de Padua.
A produção de álcool praticamente já terminou nesta safra.
Poucas usinas vão avançar a colheita em janeiro e, mesmo assim, a oferta deverá ser muito
pequena. "O correspondente a
três dias da colheita de todas as
usinas durante o ano", diz o diretor técnico. As usinas iniciam
a safra do próximo ano em
meados de março.
O país está entrando nesta
entressafra com estoques abaixo do previsto porque o ano foi
chuvoso e atípico, provocando
queda de 1,8 bilhão de litros na
produção em relação ao que se
esperava. "Mais de um mês de
consumo", diz Padua.
A crise interna de abastecimento só não é maior porque as
exportações deste ano foram
bastante reduzidas. Em 2008,
as usinas colocaram 4,2 bilhões
de litros no mercado externo.
Neste ano, o volume caiu para
2,8 bilhões.
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