São Paulo, quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

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Álcool deixa de ser vantajoso em SP

Levantamento mostra que o custo do álcool já se equipara ao da gasolina para quem abastece o carro

Entressafra da cana deve trazer novos aumentos, que podem ser interrompidos se o consumidor optar por abastecer com gasolina

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O álcool perdeu a competitividade em relação à gasolina em São Paulo nesta semana. É a primeira vez que isso ocorre na capital paulista e a tendência é que essa perda de vantagem se amplie para outras regiões do país devido aos recentes aumentos de preços do combustível nas usinas.
A Folha realiza pesquisa semanalmente em 50 postos da capital paulista e a desta semana indicou que o preço médio do álcool já está em R$ 1,745 por litro, 70% do da gasolina, que é de R$ 2,494 por litro.
Ou seja, essa média de preços apurada pela Folha indica que os custos do álcool se equiparam aos da gasolina durante o abastecimento. O álcool deixa de ser competitivo quando os preços do produto atingem 70% dos da gasolina.
Ao parar nos postos de abastecimento, os consumidores devem ficar atentos a essa paridade porque em vários estabelecimentos o álcool já é negociado a R$ 1,899 em São Paulo, o que equivale a 76% do valor médio da gasolina.
Ao atingir média de R$ 1,745 por litro nesta semana, o álcool registrou o maior valor desde abril de 2006, quando a oferta do produto também foi reduzida na entressafra.
A alta nos preços desse combustível na semana foi de 5%, segundo a pesquisa da Folha. E essa pressão deve continuar porque ontem o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, que acompanha os preços do produto nas usinas, mostrou nova elevação.
O litro do hidratado foi a R$ 1,1019, com aumento de 1,04% na semana. Já o anidro foi a R$ 1,2097, com alta de 1,16%. Os preços nas usinas não contêm impostos.

Novidade
A perda da vantagem do álcool em relação à gasolina é novidade em São Paulo e é a primeira vez que isso ocorre, de acordo com Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica, entidade que congrega as usinas.
"A evolução dos preços agora vai depender do ímpeto do mercado. Se o consumidor ficar indiferente a esses preços e a demanda não cair, o custo do etanol vai subir ainda mais. Mas, se o consumidor optar pela gasolina, a tendência é que os preços do etanol recuem."
Existe produto para a entressafra, mas não o suficiente para cobrir a demanda de 1,4 bilhão de litros por mês -volume médio mensal consumido de abril a dezembro. O ajuste entre a oferta e a demanda do produto vai ser feito pelo preço, na avaliação de Padua.
A produção de álcool praticamente já terminou nesta safra. Poucas usinas vão avançar a colheita em janeiro e, mesmo assim, a oferta deverá ser muito pequena. "O correspondente a três dias da colheita de todas as usinas durante o ano", diz o diretor técnico. As usinas iniciam a safra do próximo ano em meados de março.
O país está entrando nesta entressafra com estoques abaixo do previsto porque o ano foi chuvoso e atípico, provocando queda de 1,8 bilhão de litros na produção em relação ao que se esperava. "Mais de um mês de consumo", diz Padua.
A crise interna de abastecimento só não é maior porque as exportações deste ano foram bastante reduzidas. Em 2008, as usinas colocaram 4,2 bilhões de litros no mercado externo. Neste ano, o volume caiu para 2,8 bilhões.


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