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Steven M. Smith - Psicólogo

'Brainstorming' limita criatividade

Pesquisador diz que as primeiras ideias condicionam participantes e propõe etapa individual pré-reunião

DE SÃO PAULO

O processo de "brainstorming" -em que um grupo se reúne para dar ideias ou solucionar problemas sem que haja críticas ou censura às respostas- é pouco eficaz.

Esse é o veredito dos pesquisadores americanos Nicholas W. Khon e Steven M. Smith, do instituto de psicologia da Universidade Texas A&M. Depois de três experimentos, eles chegaram à conclusão de que participantes empacam em uma proposta.

No primeiro, os psicólogos compararam "brainstormings" individuais com coletivos. Também analisaram resultados de encontros entre uma pessoa e um parceiro virtual que dava a ideia inicial e testaram intervalos para relaxamento durante o processo.

As primeiras propostas influenciam o grupo, o que pode ser restritivo e "um limite à criatividade", diz Smith. Em entrevista por telefone à Folha, ele conta o que compromete a eficácia do "brain-storming" e indica maneiras para melhorar o processo. (FG)

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Folha - O que é fixação?

Steven M. Smith - É um fenômeno que impede a geração de novos pensamentos.

Digamos que alguém quer solucionar um problema ou ter uma ideia criativa. Apesar de ter equipamento [o cérebro] para isso, muitas vezes tenta resolver a questão de maneira conhecida.

Geralmente, essa forma é a correta, mas, circunstancialmente, é a errada. As pessoas demoram para perceber isso.

Como isso acontece nos processos de "brainstorming"?

As primeiras ideias [apresentadas] influenciam os participantes. Isso pode ser útil, mas, às vezes, é restritivo e pode limitar a criatividade.

Mostramos que a fixação no "brainstorming" é um fenômeno igual ao de outros processos coletivos -acontece muito com testemunhas de crimes. Elas lembrarão de mais coisas se forem interrogadas individualmente.

O melhor é fazer "brainstormings" individuais?

Pequenas mudanças no processo podem melhorá-lo.

Pode-se pedir aos participantes que façam uma lista de propostas antes do encontro. A parte de "brainstorming" coletivo que funciona é a combinação de ideias.

Se o "brainstorming" em grupo é ineficaz, o que explica a popularidade dele?

Se os processos de "brainstorming" individuais e em grupos forem avaliados cientificamente, será possível observar que os primeiros são mais eficientes.

Mas ao serem questionadas, as pessoas que estiverem no grupo vão achar que foram melhor [do que as que trabalharam sós].

Se você perguntar às pessoas o que sentem a respeito de "donuts", vão dizer que se sentem ótimas. Mas isso não significa que eles sejam bons.

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