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Setor público eleva duração das greves

Funcionários param mais vezes e por mais tempo do que no setor privado; horas não trabalhadas passam de cem

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

Cerca de 3 milhões de passageiros afetados, o maior índice de congestionamento do ano e bloqueio de avenidas importantes de São Paulo foram parte do saldo da paralisação dos metroviários há pouco mais de uma semana.

A greve, que durou menos de um dia, foi uma das mais impactantes dos últimos anos. "É diante desses traumas que os trabalhadores conseguem aumento", afirma Jorge Luiz Souto Maior, professor de direito do trabalho da USP (Universidade de São Paulo).

O movimento teve grande repercussão e não foi o único. Na última semana, os estivadores do porto de Santos também fizeram paralisações.

Na esfera pública, as greves estão mais frequentes e mais longas. A diferença em relação ao setor privado -que tradicionalmente faz menos greves e por menos tempo- é cada vez maior.

Pela primeira vez desde que o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) começou a monitorar as paralisações, em 2004, o número de horas não trabalhadas por greve passou de cem.

O último dado disponível é de 2010 e foi divulgado recentemente. De lá para cá, o número de paralisações aumentou, diz Ricardo Antunes, professor de sociologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

"A expansão econômica fez com que os sindicatos achassem que era o momento de começar a reivindicar reposições salariais", ele afirma.

Antunes ressalta que a relação entre o aumento da quantidade de greves e o crescimento da economia não é automática, mas existe.

Outro motivo pode incentivar as paralisações, diz Marcelo Gômara, responsável pela área trabalhista do escritório de advocacia TozziniFreire: as eleições. "Quem dá concessão de linhas de ônibus é a prefeitura. Para o empresário, o reajuste não muda muito porque ele repassa. Mas este ano é de tolerância zero para o aumento de tarifas", diz.

LONGEVIDADE

Além de mais frequentes do que na esfera privada, as greves no setor público demoram mais.

"As relações de trabalho no setor público não evoluíram", afirma Arnaldo Nogueira, professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade).

No setor privado, há um controle eficaz, ele diz.

Trabalhadores do setor público não têm dias parados descontados, por exemplo. "Greve tem custo para o governo e para a população. Tem que ter custo para os grevistas também. Sou a favor de descontar dias parados", diz Sérgio Eduardo Mendonça, secretário de relações de trabalho do Ministério do Planejamento.

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