UOL


São Paulo, domingo, 01 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INTERCÂMBIO

Sars preocupa estudante que vai ao Canadá

THAIS MORENO VILLAÇA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Nos últimos três anos, o Canadá despontou como um dos destinos favoritos de brasileiros que pretendem estudar no exterior. Empatado com os Estados Unidos e o Reino Unido no ranking de preferências, o país acabou beneficiado pelo ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, que levou os EUA a perderem a liderança isolada entre os brasileiros no mercado de intercâmbio.
Mas um novo imprevisto pode mudar esse cenário. Na última terça-feira, a Organização Mundial da Saúde colocou Toronto, maior cidade do Canadá, novamente na lista das áreas afetadas pela Sars (síndrome respiratória aguda grave, na sigla em inglês).
O anúncio trouxe preocupação a quem planeja temporada no país. Até a semana passada, a Sars havia provocado 27 mortes, além de 350 casos de suspeita de contaminação em solo canadense.
Por enquanto, as agências de intercâmbio afirmam não registrar queda na procura pelos pacotes. O que acontece com mais frequência é a troca de bilhetes, de Toronto para cidades como Montréal, Ottawa e Vancouver.
Na Student Travel Bureau (STB) houve apenas adiamentos, informa a gerente de marketing, Cláudia Martins. "O brasileiro não se deixa intimidar pelo terror", afirma, acrescentando que a opção por estudar fora do país costuma ser "muito bem pensada" antes de ser efetivada, o que diminui a chance de imprevistos cancelarem definitivamente os planos.
A gerente da Experimento Intercâmbio Cultural, Cláudia Ridolfi, também afirma que não sentiu ainda reflexos da síndrome. "Em 2002, 40% dos nossos clientes escolheram o Canadá. De janeiro até março deste ano, esse percentual já é de 35%. A pneumonia não afetou as vendas."
Do lado dos estudantes, porém, existe receio de que o problema de saúde pública no país piore. Fernanda Sayuri Watai, 25, embarca para Toronto no próximo dia 16 para fazer um curso de seis meses. Sua família a aconselhou a não ir, mas ela se diz tranquila: "Liguei para uma amiga de lá, que falou que o medo vem de fora".
O co-piloto Alexandre Calvetti Gonzales, 33, que também se prepara para uma temporada em Toronto, declara que, se a situação se agravar, pretende voltar para o Brasil. Mas, para ele, o Canadá tem condições de higiene boas o suficiente para conter a epidemia.
A diretora financeira da Belta, associação que reúne cerca de 60 instituições que promovem cursos e intercâmbios no exterior, Wanda Maria Silva, compara a situação vivida pelo Canadá com a guerra no Iraque. "Eu acho que a notícia de guerra para os programas nos Estados Unidos foi mais forte do que a pneumonia asiática de um modo geral. Uma guerra assusta mais o brasileiro do que um surto de doença", compara.

Brasileiros no Canadá
A engenheira de alimentos Ana Paula Cuccio, 32, está fazendo um curso em Toronto, onde ficará por mais seis meses. "Hoje, vivendo aqui, não tenho medo de contrair Sars. Antes de vir, senti muito medo e até pensei em mudar meus planos de viagem", conta.
Natália Barbosa do Nascimento, 18, está em Toronto desde janeiro. Apesar de ela se dizer tranquila quanto aos riscos à saúde, a mãe de Natália, Regina Florenço, está preocupada. Seu receio é o de que, caso algo aconteça, ela não possa entrar no Canadá para ajudar a filha nem conseguir trazê-la de volta, caso seja internada.



Texto Anterior: Experiência nas férias tem duas faces
Próximo Texto: Qualificação e oportunidades - Bolsas: Instituto vai financiar 25 mestrandos em tecnologia
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.