São Paulo, domingo, 3 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANO NOVO X EMPREGO ANTIGO

Mudança de cargo requer paciência

Greg Sallibian/Folha Imagem
O doutor em física Hugo Carneiro Reis, que afirma ter encontrado motivação ao trocar aulas por pesquisas


da Reportagem Local

Ficar muito tempo no mesmo cargo ou na mesma empresa pode não significar estagnação de carreira, mas boa colocação.
Hoje, com a política de enxugamento dos quadros de funcionários, é mais fácil chegar a cargos estratégicos, embora o período de permanência neles seja maior.
Lizete Araújo, 40, vice-presidente do Grupo Catho, afirma que, há dez anos, um gerente tinha de permanecer cerca de oito anos no mesmo posto antes de ter uma promoção. Hoje são seis anos, em média. Quando vira diretor, fica um período maior (sete anos).
Para ela, o fator tempo no trabalho é uma questão inevitável no desenvolvimento profissional. "É um período em que a pessoa deve aprender e aperfeiçoar suas habilidades. Não adianta ter pressa."
Segundo uma pesquisa da Manager Consultoria em Recursos Humanos, os profissionais se preocupam em consolidar a carreira mudando poucas vezes de empresa.
Dos 648 executivos entrevistados (a maioria com idade entre 30 e 50 anos), 19% disseram ter trabalhado em apenas três empresas diferentes e 9,6% afirmaram ter permanecido mais de quinze anos na mesma empresa.
"Ser contratado para trabalhar em outro lugar pode ser até um estímulo", afirma Ricardo de Almeida Prado Xavier, 53, da Manager.

Saídas
Para os consultores, realizar cursos e se manter atualizado é indispensável aos profissionais de hoje. "Quem não fizer isso está fora do mercado", afirma Lizete.
Em alguns casos, o profissional pode ficar frustrado porque não consegue alcançar a tão sonhada promoção, mas esquece que há "regras" para conseguir isso.
Sandra Regina Guedes, da Crossing, diz que uma boa forma de perceber se o profissional está apto a receber promoções e aumentos salariais é identificar sua própria produtividade e atuação.
"Avalie o seu trabalho como se estivesse observando um outro funcionário, identificando os pontos positivos e negativos."

Motivação passageira
Na opinião do psicoterapeuta Wimer Botura Junior, 50, da Associação Paulista de Medicina, um dos problemas que mais prejudicam os profissionais é acreditar em estímulos passageiros.
"Alguns se sentem estimulados com a segunda-feira, outros com a entrada de um novo ano. Mas, depois de um tempo, a sensação de motivação acaba indo embora."
Na opinião dele, é fundamental que a pessoa consiga se manter estimulada sem depender de situações ou de outras pessoas.
Segundo Botura Junior, não dá para o profissional viver dizendo que está tudo ruim porque ele acha que ninguém vê o seu trabalho.
"As pessoas se sentem desmotivadas porque esperam demais dos outros", afirma. Para ele, uma saída é trabalhar como se a empresa fosse sua. "Pensando assim, é difícil se sentir desestimulado."



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.