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ESTÁGIOS E TRAINEES
Estudantes de fisioterapia trabalham sem licença
Conselho regional de SP registrou 95 denúncias até setembro deste ano
BRUNA BORGES
MARCOS DE VASCONCELLOS
DE SÃO PAULO
Mesmo sem ter registro de
fisioterapeuta, A.S.S., 22,
atendia a pacientes e operava aparelhos desde o segundo ano da faculdade.
De acordo com ela, atuava
quase sem supervisão de
profissionais da área em seu
primeiro estágio. Trabalhou
em duas clínicas de forma
ilegal por dois anos.
Por determinação do conselho da categoria, estudantes de fisioterapia só podem
estagiar a partir do quarto
ano de faculdade e sempre
com acompanhamento de
um profissional e fiscalização das universidades.
Esse não é um caso isolado. Em 2009, foram registradas 124 denúncias de estágio
irregular pelo Crefito-3 (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da
3ª Região - São Paulo) -90%
delas relativas a estudantes
trabalhando como profissionais licenciados.
No ano anterior, haviam
sido computadas 76 denúncias desse tipo. Até setembro
de 2010 foram 95.
"O conselho recebe cada
vez mais denúncias de irregularidades", aponta Gil Lúcio de Almeida, presidente
do Crefito-3. Essas ocorrências, diz Almeida, mostram
abusos no modo de contratação dos estagiários.
O piso salarial é de R$
1.560; o valor do estágio varia
de R$ 200 a R$ 800.
OFERTAS IRREGULARES
Em levantamento feito pela Folha em sites de oferta de
vagas de emprego, foram localizadas empresas em São
Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais e Distrito Federal que
oferecem postos de estágio
fora dos padrões regulamentados. Algumas são voltadas
especificamente para estudantes do primeiro ano.
Entre as queixas dos alunos estão ainda baixa remuneração e falta de acompanhamento da universidade.
Recém-formados afirmam
que a dificuldade de inserção
no mercado de trabalho se
deve à exigência de um treinamento posterior à graduação -que corresponderia ao
período de residência de profissionais da medicina.
No entanto, alguns desses
programas de aprimoramento profissional são pagos, o
que dificulta o acesso a eles.
Daniele Bertolo, 23, desembolsa R$ 500 por um curso de especialização de 25 horas semanais no Hospital das
Clínicas em São Paulo. "Pago
para trabalhar, mas estou
aprendendo", comenta.
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