S?o Paulo, domingo, 03 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ESTÁGIOS E TRAINEES

Estudantes de fisioterapia trabalham sem licença

Conselho regional de SP registrou 95 denúncias até setembro deste ano

BRUNA BORGES
MARCOS DE VASCONCELLOS
DE SÃO PAULO

Mesmo sem ter registro de fisioterapeuta, A.S.S., 22, atendia a pacientes e operava aparelhos desde o segundo ano da faculdade.
De acordo com ela, atuava quase sem supervisão de profissionais da área em seu primeiro estágio. Trabalhou em duas clínicas de forma ilegal por dois anos.
Por determinação do conselho da categoria, estudantes de fisioterapia só podem estagiar a partir do quarto ano de faculdade e sempre com acompanhamento de um profissional e fiscalização das universidades.
Esse não é um caso isolado. Em 2009, foram registradas 124 denúncias de estágio irregular pelo Crefito-3 (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 3ª Região - São Paulo) -90% delas relativas a estudantes trabalhando como profissionais licenciados.
No ano anterior, haviam sido computadas 76 denúncias desse tipo. Até setembro de 2010 foram 95.
"O conselho recebe cada vez mais denúncias de irregularidades", aponta Gil Lúcio de Almeida, presidente do Crefito-3. Essas ocorrências, diz Almeida, mostram abusos no modo de contratação dos estagiários.
O piso salarial é de R$ 1.560; o valor do estágio varia de R$ 200 a R$ 800.

OFERTAS IRREGULARES
Em levantamento feito pela Folha em sites de oferta de vagas de emprego, foram localizadas empresas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal que oferecem postos de estágio fora dos padrões regulamentados. Algumas são voltadas especificamente para estudantes do primeiro ano.
Entre as queixas dos alunos estão ainda baixa remuneração e falta de acompanhamento da universidade.
Recém-formados afirmam que a dificuldade de inserção no mercado de trabalho se deve à exigência de um treinamento posterior à graduação -que corresponderia ao período de residência de profissionais da medicina.
No entanto, alguns desses programas de aprimoramento profissional são pagos, o que dificulta o acesso a eles.
Daniele Bertolo, 23, desembolsa R$ 500 por um curso de especialização de 25 horas semanais no Hospital das Clínicas em São Paulo. "Pago para trabalhar, mas estou aprendendo", comenta.


Texto Anterior: Deslizes criativos podem ser valorizados
Próximo Texto: Governo oferece especialização em saúde pública
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.