São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUA CARREIRA

"Boa tecnologia" é bem-vinda, diz especialista

GIOVANA TIZIANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os países mais ricos do globo são os que mais aceleram os avanços tecnológicos e estão sempre em vantagem nessa corrida. Certo? Apenas a primeira parte, diz o professor Allan Afuah, doutor pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) e docente de estratégia corporativa e negócios internacionais da University of Michigan Business School.
Para o especialista, que nasceu em Camarões, nem sempre é bom estar em primeiro lugar, "pois quando se está à frente, há o risco de cometer erros, e os que estão atrás podem aprender com eles e tirar alguma vantagem disso".
Afuah, que estuda as mudanças organizacionais geradas pelos avanços tecnológicos no interior das empresas, falou à Folha sobre o impacto dessas inovações no mercado de trabalho e sobre "exclusão digital", durante sua estada no Brasil, no final de julho, em que deu aulas para os alunos do programa de MBA (Master in Business Administration) da University of Michigan. Confira a seguir os principais trechos:

DESEMPREGO - "É sabido que, com a implementação das novas tecnologias, muitas pessoas perderam os seus empregos. Mas, por outro lado, outros profissionais conseguiram se empregar graças aos novos trabalhos que foram gerados. Boas tecnologias, como as implementadas na indústria automobilística, por exemplo, têm essa capacidade de gerar postos de trabalho em diversas outras áreas. Em Michigan (Estados Unidos), a indústria de automóveis foi a que mais empregou nos últimos anos."

VELOCIDADE - "É verdade que o ritmo dos avanços tecnológicos é muito superior à capacidade de a mão-de-obra se adaptar às mudanças. Esse é um problema para todos os países, qualquer que seja o seu grau de desenvolvimento. É por isso que a maior parte das tecnologias leva muito tempo para ser aceita pelas pessoas."

EDUCAÇÃO - "Os altos índices de analfabetismo sem dúvida atrasam o desenvolvimento tecnológico. Entretanto, deve-se ir além. Educação é mais do que saber ler e escrever. É preciso explicar para as pessoas o que a tecnologia pode trazer de bom para a vida delas e que as mudanças ocorrerão, quer elas queiram ou não."

EXCLUÍDOS - "Existe exclusão digital dentro dos países e entre eles. Mas há também um fator cultural. No Japão, as pessoas adotam o computador muito menos do que a gente imagina. Elas preferem usar o celular com acesso à internet. E essa é uma ferramenta barata e que vai ficar ainda mais."

ROBÔS - "O uso de robôs nas fábricas e no setor de serviços vem crescendo, mas imaginar um mercado de trabalho de robôs é ainda muito futurista. Nos anos 80, enquanto as empresas gastavam bilhões com eles, os japoneses não pensavam nisso sem antes capacitar as pessoas primeiro. A maior parte dos serviços só pode ser feita por seres humanos porque é preciso pensar, sentir."



Texto Anterior: Mesmo oculta, exigência é comum
Próximo Texto: Concurso
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.