São Paulo, domingo, 5 de abril de 1998

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DURO NA QUEDA
Na tentativa de evitar falhas no processo de contratação, mercado adota práticas severas nas entrevistas
Setor financeiro adota rigor na seleção

da Reportagem Local

O rigor no processo de seleção de empresas ligadas ao mercado financeiro tenta diminuir os erros de contratação.
Justifica-se: quanto maior a severidade no processo, menores seriam as chances de ocorrerem erros na seleção.
No banco Pactual, contratar é uma meta e um critério na avaliação de quem selecionou, influenciando até na política de participação individual nos lucros.
"Quem contrata tem muita responsabilidade e aqui tempo é realmente dinheiro", diz Claudio Pracownik, 29, diretor-executivo.
Para ele, é imprescindível definir detalhadamente o perfil do ocupante de uma determinada vaga e também as metas que ele deverá cumprir. "Sem um conceito prévio, fica praticamente impossível fazer uma análise do funcionário em menos de um mês."
Casos de demissões rápidas, segundo Pracownik, já aconteceram no banco, mas sempre porque as pessoas não aguentaram o tranco, o ritmo estabelecido pela empresa.
No banco de investimentos Bozano, Simonsen, a procura é por profissionais com características semelhantes às dos que alcançaram sucesso na própria empresa.
"O estresse no setor financeiro é muito maior do que em outros setores e precisamos de profissionais multidisciplinares", diz Lúcio Bouère Beleza, 45, diretor.
Nas entrevistas individuais, a banca de diretores coloca o candidato em constantes situações de pressão. "Exigimos retorno imediato, com resultados diários."
No marketing
Não é só o mercado financeiro que adota rigor no processo. A gerente de marketing Veronica Engelberg, 33, passou por várias etapas de seleção por dois momentos de sua vida profissional, mas não teve sorte.
No primeiro momento, em 1995, procurou uma empresa de recolocação profissional na tentativa de se empregar.
Deu certo: arrumou trabalho em uma empresa pública, cujo nome ela prefere não revelar, como gerente de marketing. Foi contratada depois dos três primeiros meses de experiência. Quatro meses se passaram. Um belo dia, recebeu a notícia: "Demitida". "Acho que só fui contratada para finalizar algumas tarefas", diz.
Veronica ficou seis meses desempregada até começar uma nova maratona de entrevistas para concorrer a uma vaga no departamento de marketing de uma multinacional alemã.
Seu contrato de experiência era de dois meses. No dia em que vencia o contrato, segundo Veronica, o departamento de recursos humanos da empresa transmitiu-lhe a demissão. "Até hoje não recebi uma explicação da empresa sobre a minha dispensa."



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