São Paulo, domingo, 5 de abril de 1998

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SAÚDE
LER tem tratamento alternativo e tradicional

da Reportagem Local

Vítimas da LER (Lesão por Esforço Repetitivo), também conhecida como Dort (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), podem recorrer ao tratamento da medicina tradicional ou a métodos alternativos.
A "doença de trabalho do século" é um mecanismo de inflamação dos tendões causado por forças de repetição, segundo Flavio Murachovsky, 42, ortopedista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Posturas inadequadas, associadas ao movimento repetitivo, agravam a inflamação, que é diagnosticada com maior frequência no punho, no cotovelo, nos ombros, no pescoço e nas costas.
As últimas estatísticas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), de 96, registraram 34.889 casos de doenças ocupacionais (dermatose, intoxicação, LER, problemas pulmonares e surdez) no país.
A LER, para o chefe do setor de cirurgia de ombro e cotovelo do departamento de ortopedia da Universidade Federal de São Paulo, Sergio Nicoletti, 51, é uma combinação de problemas emocionais e sobrecarga de trabalho.
"O excesso de repetição e de esforço, a postura inadequada, um clima ruim na empresa e a má qualidade de vida fora do trabalho contribuem para o desenvolvimento da doença", explica.
Tradicional
O tratamento consiste na diminuição da carga de trabalho (o que não implica o afastamento do trabalho, mas do "ambiente doente" que causou a LER, por meio de um remanejamento), repouso, uso de analgésicos e fisioterapia.
Inicialmente, o paciente deve ser tratado por um ortopedista, mas, no decorrer do tratamento, o caso pode vir a ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, formada por neurologista, psicólogo, fisioterapeuta e assistente social.
O ideal, diz Murachovsky, é que o paciente procure ajuda médica quando a LER está na fase aguda. "Na fase crônica, quando ela persiste, são poucos os recursos que podem ser usados na cura."
Os principais sintomas, explica, são dor, rubor (vermelhidão), inchaço, calor e perda da força.
Alternativos
A acupuntura também é um dos métodos. Segundo Eduardo de Oliveira, 60, ortopedista especializado em acupuntura, o método não exclui outros tratamentos.
O fator emocional, afirma, é responsável por, pelo menos, 50% dos casos de LER. A insatisfação, a cobrança e o excesso de trabalho são fatores que se refletem na dor e desequilibram o organismo.
"Usamos agulhas para equilibrar o emocional e também as colocamos nos pontos de dor. Mas recomendamos apoio psicológico, de médicos do trabalho e outros profissionais que possam deixar o tratamento mais completo."
Outra teoria alternativa foi desenvolvida por Yoshiaki Omura, especialista em ciências médicas e física formado pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
Os campos eletromagnéticos, na opinião dele, seriam responsáveis pela LER, e não só os movimentos repetitivos e a postura inadequada. Ele detectou vírus e bactérias no local onde a dor se instalava.
Na teoria, campos eletromagnéticos seriam responsáveis pela alteração da membrana celular, facilitando, assim, a penetração dos agentes causadores da infecção (vírus e bactérias), o que dificultaria também a eficácia de remédios.
A prevenção, segundo ele, seria o uso de uma proteção especial no computador, que ainda está em fase de desenvolvimento nos EUA, e o afastamento do disco rígido.
O tratamento, individualizado, começa com um teste, que detecta as deficiências do organismo, seguido de medicamentos à base de coentro, acupuntura e "shiatsu".

Onde encontrar - Disque-Saúde do Ministério da Saúde: tel. (0800) 61-1997.



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