São Paulo, domingo, 05 de novembro de 2006

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RODA DE FOGO

Experiência ajuda a superar atividades

Desejo de aparecer sozinho e respostas decoradas são alguns dos erros mais comuns entre os candidatos

DA REPORTAGEM LOCAL

Para se sair bem em uma dinâmica de grupo, é preciso, além de elementos como flexibilidade e proatividade, um pouco de prática. Quem dá o conselho não são os psicólogos, mas os profissionais que já conquistaram as sonhadas vagas.
A primeira experiência, em geral, é uma ação de reconhecimento, como uma tática de guerra -ela deve ser feita ainda na faculdade. E, apesar de a ferramenta ser adaptada para cada seleção, existem elementos comuns a todas elas que, aos poucos, dão ao candidato desenvoltura para se sair bem.
"É preciso agir com naturalidade", aconselha Renata Schmidt, gerente da Foco Talentos, divisão para estágios e trainees do Grupo Foco. "Nunca repetimos a técnica."
Uma das lições assimiladas com o tempo é que não adianta cometer erros freqüentes como fingir, falar mais do que o necessário ou tentar dominar o grupo. É importante saber que a avaliação varia de acordo com o cargo a ser preenchido -por isso conhecer o perfil desejado ajuda a se "encaixar" na vaga.
"Há candidatos que pensam que têm que aparecer. São aqueles que, quando a psicóloga chega perto, começam a falar alto", lembra Schmidt, da Foco. "Há outros que ficam elogiando o processo seletivo", comenta.
A sugestão da analista de governança corporativa Cristine Kondo, 25, que, na época em que buscava oportunidades de estágio e trainee, fez cadastro em mais de cem empresas, é ganhar experiência aos poucos.
"Com o tempo, aprendemos a responder. No início, pecava por não opinar, nem que fosse para dizer "concordo'", lembra.
Apesar de achar que não vai mais passar por isso, Kondo diz que o aprendizado obtido com a atividade se reflete hoje. "Tenho mais desenvoltura em entrevistas e aprendi a conhecer bem a empresa para a qual vou me candidatar", assegura.

Perfil ajustado
Ao sair da dinâmica da qual participava, a selecionadora o chamou e elogiou seu desempenho durante a avaliação, mas o descartou ao dizer que ele parecia agir de maneira "falsa".
Essa cena se passou há seis anos, e Sérgio Miotto, 32, hoje gerente industrial da Sigvaris, lembra que, nas seleções pelas quais passou no início da carreira, sempre tentou valorizar seus pontos mais fortes.
"No começo, preocupava-me em não passar despercebido. A gente sai da faculdade com uma percepção errada, de que o que queremos é competir. Hoje, vejo que não há porque querer se sobrepor: a empresa não procura o melhor, mas alguém que se ajuste ao cargo."
Nesse ponto, os consultores fazem coro. "É bom lembrar que a dinâmica de grupo não busca distinguir pessoas "boas" de "ruins", mas sim alocar os profissionais de acordo com seus perfis", destaca a consultora Sandra Finardi, da Grace & Co. Executive Search.
"Não há [atitude] certa ou errada em dinâmicas", acrescenta Camila Del Guercio, consultora interna de RH da construtora Andrade Gutierrez.

Funcionamento
Uma dinâmica de grupo pode conter, de forma lúdica, diversas etapas -entre elas, apresentação, atividades de negociação e comunicação e questões éticas. Os modelos, porém, devem ser sempre diferentes, montados com base no diálogo entre a consultoria e a empresa.
"Muitos entrevistadores simplesmente copiam modelos, o que faz com que muitas pessoas "decorem" e se preparem para aquele tipo de situação", aponta Sandra Finardi. "Mas o interessante da dinâmica é a espontaneidade, checar a reação das pessoas a situações inusitadas", destaca. (AR)


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