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ENTRE DOIS MUNDOS
Profissional precisa se adaptar a nova cultura
Falta de transparência da empresa na fusão desmotiva trabalhadores
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As mudanças provocadas por
uma fusão entre empresas não
ocorrem só no direcionamento
da companhia mas também no
dia-a-dia dos funcionários.
É no âmbito da cultura corporativa que trabalhadores encontram as maiores barreiras.
Com orientações diversas, a unificação tende a ser
dolorosa, já
que a atenção
ao gerenciamento de diferenças pode
ser menor do
que a dirigida à
tecnologia.
"Mudamos
tudo do dia para a noite. A fusão foi traumática por causa das diferenças culturais. Os procedimentos eram
muito diferentes", conta Cleusa Rocha Juliano, 54, coordenadora de eventos de um hotel
incorporado por uma rede.
Enquanto uma empresa concentrava tudo em um setor, a
outra segmentava atividades.
A unificação trouxe mais tarefas e menos colaboradores,
que passaram de 12 para 8, para
a sua área.
Mesmo com o aumento de
trabalho, Cleusa destaca que a
nova gestão trouxe maior participação nas decisões. "Antes
não havia tanta transparência."
O início do processo pelo
qual passou Cleusa não é incomum. Há outras firmas em que
os rumores da fusão são ecoados pelos corredores. A comunicação é feita só na véspera.
Para especialistas, a falta de
clareza geralmente desencadeia dificuldades de fundo
emocional nos funcionários.
"É comum sentir medo por
trocas de chefe, equipe e função", diz Cristina Nogueira, diretora da consultoria Axialent.
Preocupação
Foi a tensão dos
subordinados a
maior dificuldade
do relações-públicas Maurício
Freitas Camacho,
37, quando atuava
em uma indústria
de bebidas que
passou por uma
fusão em 2006.
"Não podia
contratar nem demitir ninguém. Eu tinha de motivar as
pessoas sabendo que poderia
ocorrer demissão em massa."
E foi o que ocorreu. Camacho
teve de despedir sua equipe de
cem funcionários. Ele também
foi dispensado, mas conseguiu
recolocação um mês depois.
Na iminência de uma demissão, Mariá Giuliese, da Lens e
Minarelli, aconselha: "É importante não fazer oposição aos
novos gestores, avaliando a
conveniência de permanecer".
Os que ficam têm mais um
desafio. Segundo Cristina Nogueira, é comum equipes atuarem como times diferentes.
"As pessoas deveriam encarar a fusão como oportunidade
de absorver conhecimentos e
se integrar-se mais rápido."
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