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BOAS DE BOLA
Dando chutes, soprando apitos ou fazendo coreografias, elas transformam em salário a paixão pelo esporte
Mulheres invadem campos de futebol
LIA REGINA ABBUD
da Reportagem Local
Matar a bola no peito, driblar o
adversário e marcar um gol não
são mais exclusividades do mundo
masculino. Jogando, apitando e
torcendo, as mulheres conseguem
bons resultados e encontram no
futebol um emprego.
A visibilidade do esporte aumentou em 1996, quando a seleção brasileira feminina conseguiu o quarto lugar na Olimpíada de Atlanta.
O número de adeptas cresceu, e em
1998 já eram 20 times disputando o
Campeonato Brasileiro.
Segundo Paulo Dutra, 55, coordenador de categorias especiais da
CBF (Confederação Brasileira de
Futebol), as brasileiras têm potencial e é preciso aproveitar a boa fase para atrair investidores.
"O futebol feminino está em entressafra, e os clubes estão buscando novas jogadoras. Como está
crescendo e ganhando visibilidade, se transformou em uma opção
de emprego. Muitas não conseguiriam esses salários em outras atividades. Bons resultados vão refletir
nos ganhos das jogadoras."
Os salários dependem de patrocínio. O Palmeiras, por exemplo,
não teve patrocinador em 98, e as
jogadoras só receberam salário
-R$ 500 por mês- durante os
dois meses da Paulistana.
"Das nossas jogadoras, 60% são
de classe baixa e querem fazer do
talento um emprego", diz Pedro
Paiva, 57, supervisor do Palmeiras.
A lateral palmeirense Renata
Machado, 20, que está sem salário,
chegou a ganhar R$ 2.000. "Estou
apostando que vai dar certo. A situação é incerta, mas os investimentos devem crescer. Quero fazer carreira no futebol, mas continuo estudando publicidade."
Na Lusa, o salário da maioria das
jogadoras varia entre R$ 500 e R$
1.000, como o da volante Delvanita
Souza Santos, 17, que começou a
jogar no Corinthians e desde os 15
anos integra a seleção brasileira juvenil. "As vagas existem, mas é
preciso ter o dom. É bom começar
cedo para construir a carreira."
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