São Paulo, Domingo, 07 de Fevereiro de 1999
Próximo Texto | Índice

BOAS DE BOLA
Dando chutes, soprando apitos ou fazendo coreografias, elas transformam em salário a paixão pelo esporte
Mulheres invadem campos de futebol

LIA REGINA ABBUD
da Reportagem Local

Matar a bola no peito, driblar o adversário e marcar um gol não são mais exclusividades do mundo masculino. Jogando, apitando e torcendo, as mulheres conseguem bons resultados e encontram no futebol um emprego.
A visibilidade do esporte aumentou em 1996, quando a seleção brasileira feminina conseguiu o quarto lugar na Olimpíada de Atlanta. O número de adeptas cresceu, e em 1998 já eram 20 times disputando o Campeonato Brasileiro.
Segundo Paulo Dutra, 55, coordenador de categorias especiais da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), as brasileiras têm potencial e é preciso aproveitar a boa fase para atrair investidores.
"O futebol feminino está em entressafra, e os clubes estão buscando novas jogadoras. Como está crescendo e ganhando visibilidade, se transformou em uma opção de emprego. Muitas não conseguiriam esses salários em outras atividades. Bons resultados vão refletir nos ganhos das jogadoras."
Os salários dependem de patrocínio. O Palmeiras, por exemplo, não teve patrocinador em 98, e as jogadoras só receberam salário -R$ 500 por mês- durante os dois meses da Paulistana.
"Das nossas jogadoras, 60% são de classe baixa e querem fazer do talento um emprego", diz Pedro Paiva, 57, supervisor do Palmeiras.
A lateral palmeirense Renata Machado, 20, que está sem salário, chegou a ganhar R$ 2.000. "Estou apostando que vai dar certo. A situação é incerta, mas os investimentos devem crescer. Quero fazer carreira no futebol, mas continuo estudando publicidade."
Na Lusa, o salário da maioria das jogadoras varia entre R$ 500 e R$ 1.000, como o da volante Delvanita Souza Santos, 17, que começou a jogar no Corinthians e desde os 15 anos integra a seleção brasileira juvenil. "As vagas existem, mas é preciso ter o dom. É bom começar cedo para construir a carreira."


Próximo Texto: Artilheira do São Paulo recebe R$ 8.000
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.