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"Culpa" dos problemas ou daausência de resultados geralmente recai sobre lado mais fraco do elo
Antagonismo gera perseguições na equipe
DA REPORTAGEM LOCAL
Se os choques entre personalidades incompatíveis não são evitados, a tendência é que "a corda
arrebente do lado mais fraco", isto é, que o funcionário em posição
hierárquica inferior seja o mais
prejudicado. É para esse lado que
quem está no topo costuma empurrar a "culpa" dos problemas e
da ausência de resultados.
Depois de ser promovida duas
vezes dentro da empresa em que
começou como recepcionista,
P.M., 30, perdeu o emprego seis
meses depois que um novo chefe
assumiu. A postura de intolerância foi adotada por ambos.
"Enquanto ele fazia o tipo cordial com todos, era desorganizado e evitava pensar em soluções
reais para os problemas da firma.
Eu deixava claro que não gostava
daquilo e não devolvia o tratamento falso dele. Pouco tempo
depois, ele me pôs na rua", relata.
A demissão também foi o ponto
final no emprego da auxiliar de
enfermagem A.O., 24. "A chefe de
enfermagem era linha-dura, e eu
sempre fui carinhosa com os pacientes. Ela começou a implicar
com isso e daí pra reclamar até
dos meus sapatos foi um pulo."
Padrão
Neusa Miguel, psicóloga da consultoria Arquitetura Humana,
aponta a chefia como um fator de
interferência determinante nos
padrões de comportamento e de
atitudes de um funcionário.
Ela explica que o PI (Predictive
Index), método aplicado pela
consultoria em empresas como
Zoomp, Vivara e GM, permite
que se chegue a referências de
"como a pessoa é, como tenta ser
e como está sendo, considerando
a influência do cargo que ocupa e
da chefia a quem está submetida".
"Um erro comum dos gestores é
achar que o [padrão] bom para
eles é bom para todos. Aí reside o
dever maior de quem supervisiona. É preciso enxergar o potencial
do profissional de forma isolada
do conflito interpessoal", diz.
Na Natura, um método de avaliação minimiza o risco de julgamento tendencioso. Uma das etapas de análise do desempenho
dos colaboradores é feita em conjunto por mais de um superior
que tem contato com o analisado.
"As avaliações são cruzadas, e
uma impressão coletiva é construída. Se é percebida maior insistência de um chefe, tanto em elogiar quanto em criticar alguém,
isso é investigado", diz Flavio Pesiguelo, 33, gerente de planejamento e desenvolvimento de RH.
Com isso, vários colaboradores já
foram transferidos para posições
em que seu perfil pode ser mais
bem aproveitado.
Considerar a personalidade do
funcionário para direcionar sua
carreira, em geral, resulta em
bem-estar. Um exemplo é Jorge
Macioni, 45, que atuava como gerente-geral numa loja de música.
"Tinha a sensação de que estava
preso ali." Durante uma consultoria, sua afinidade com vendas personalizadas foi detectada, e a empresa criou um cargo para ele: gerente de clientes especiais. "Ganhei liberdade e a chance de criar,
que é o que mais prezo."
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