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NO LIMITE
"Por anos, fui obrigada a ser o que não sou"
DA REPORTAGEM LOCAL
"A despersonalização é
um processo perigoso, que
pode levar à loucura." O aviso da consultora Andrea
Massoud perde o tom de
exagero quando casado à
história de M.A., 35. Por dez
anos, ela trabalhou numa
empresa em que se sentia
oprimida. Sua personalidade não era aceita.
Expansiva, M.A. gostava
de dar opiniões e de sugerir
mudanças. Mas a postura se
chocava com a da diretoria,
formada por funcionários
antigos e adaptados a uma
rotina de trabalho metódica.
"Qualquer inovação era
recebida como ameaça.
Cansei de ouvir que "em time
que está ganhando não se
mexe". O discurso era explicitamente autoritário e passei a ser malvista."
Com medo de perder o
emprego, a profissional reprimiu traços da sua personalidade. Passou da insatisfação ao estresse crônico, seguido de depressão.
"Um dia, simplesmente
"pifei'", conta. O diagnóstico
de estresse ocupacional não
deixou escolha a não ser o
afastamento do trabalho.
Em casa, M.A. se autodefine
"estilhaçada". "Meu chefe
me fez explicar à minha
equipe qual era o problema
que eu tinha. Parece não
acreditar que estou doente."
Propensa a pedir demissão, começa a visualizar o estrago dos conflitos à sua saúde. "Perdi as minhas referências. Por anos, fui obrigada a ser o que não sou. Era
como uma panela que tinha
de se adaptar a uma tampa
quando seu molde simplesmente não era aquele."
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