São Paulo, domingo, 07 de março de 2004

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NO LIMITE

"Por anos, fui obrigada a ser o que não sou"

DA REPORTAGEM LOCAL

"A despersonalização é um processo perigoso, que pode levar à loucura." O aviso da consultora Andrea Massoud perde o tom de exagero quando casado à história de M.A., 35. Por dez anos, ela trabalhou numa empresa em que se sentia oprimida. Sua personalidade não era aceita.
Expansiva, M.A. gostava de dar opiniões e de sugerir mudanças. Mas a postura se chocava com a da diretoria, formada por funcionários antigos e adaptados a uma rotina de trabalho metódica.
"Qualquer inovação era recebida como ameaça. Cansei de ouvir que "em time que está ganhando não se mexe". O discurso era explicitamente autoritário e passei a ser malvista."
Com medo de perder o emprego, a profissional reprimiu traços da sua personalidade. Passou da insatisfação ao estresse crônico, seguido de depressão.
"Um dia, simplesmente "pifei'", conta. O diagnóstico de estresse ocupacional não deixou escolha a não ser o afastamento do trabalho. Em casa, M.A. se autodefine "estilhaçada". "Meu chefe me fez explicar à minha equipe qual era o problema que eu tinha. Parece não acreditar que estou doente."
Propensa a pedir demissão, começa a visualizar o estrago dos conflitos à sua saúde. "Perdi as minhas referências. Por anos, fui obrigada a ser o que não sou. Era como uma panela que tinha de se adaptar a uma tampa quando seu molde simplesmente não era aquele."



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