São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2008

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EXECUTIVOS EM XEQUE

Profissionais recorrem ao seguro

Cerca de mil empresas no Brasil adotam o dispositivo, chamado D&O, aponta consultoria

Henrique Manreza/Folha Imagem
Marcus Pinheiro, da Secure Computing, que atribui parte dos erros administrativos à pressão da matriz

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Riscos administrativos sempre existirão no alto escalão, mas os executivos podem reduzi-los com algumas precauções.
"A primeira delas é adotar controles internos rigorosos e práticas mais conservadoras, além de observar de que forma a empresa vai crescer", afirma Paulo Baptista, da companhia de avaliação de riscos Marsh.
É preciso também adotar protocolos para tomar decisão. "Na dúvida, o executivo deve consultar o departamento jurídico da empresa", recomenda o advogado Renato Mandaliti, sócio da Demarest & Almeida.
"Todo mundo está sujeito a errar, mas o conhecimento das bases teóricas [em economia e em administração] diminui essa possibilidade", completa Marcelo Lacerda, CEO (principal executivo) da Lanxess.
Mesmo com esses cuidados, o risco de o profissional ser processado por investidores, acionistas, funcionários, fornecedores ou clientes persiste.
É ai que entram proteções oferecidas pela empresa, como a carta de garantia e o seguro de responsabilidade civil de diretores e administradores (conhecido pela sigla D&O, do inglês "directors and officers").
A carta de garantia determina que o executivo não vai arcar com prejuízos caso esteja agindo de acordo com os poderes que a companhia lhe delegou.
Já o D&O existe para garantir a proteção dos bens do executivo se seus recursos forem bloqueados. Também arca com custos da defesa e, dependendo do caso, com as indenizações -caso a decisão tenha sido de boa-fé.

Moeda de troca
"As garantias começam a fazer parte do rol de preocupações dos executivos que vão mudar de emprego", comenta Mariá Giuliese, diretora-executiva da consultoria de carreira Lens & Minarelli.
Na Europa e nos EUA, esse tipo de seguro é mais difundido. Por aqui, calcula-se que haja mil empresas com a cobertura -de um potencial de 50 mil-, segundo a Towers Perrin, especializada em gestão de risco.
"O Brasil é um mercado pouco assegurado, mas com o tempo, isso mudará", complementa o "headhunter" Marcelo Mariaca.
Para Ludovico Martin, gerente de RH da Lanxess, que oferece o seguro aos executivos, a baixa adesão se deve ao fato de ser "um produto novo".
Quem ainda não adotou esse tipo de iniciativa começa a considerá-la. "Estamos discutindo o uso desse dispositivo para gestores e membros do conselho", pontua Cristiano Simon, conselheiro de administração de diversas companhias do setor de agronegócios. (JV)


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