Companhias têm dispensado formação superior

JOÃO CARLOS LOPES
JOSÉ SANTINI
COLABORAÇÃO PARA FOLHA

A formação técnica especializada e o domínio de um segundo idioma têm sido critérios mais importantes na seleção de analistas e programadores de sistemas do que uma graduação concluída ou em andamento. É o que atestam companhias do setor ouvidas pela Folha.
"Num cenário aquecido, quando encontramos um profissional que conheça a língua inglesa e saiba programar, o nível superior não importa. Hoje, as seleções estão eliminando filtros", afirma César Tegon, diretor da Gestech, consultoria especializada em gestão e recrutamento na área de TI.
Para ele, um fator explica a tendência: escassez de mão-de-obra qualificada diante da alta demanda por profissionais.
O diretor de RH da GLT-HSBC, empresa de TI que oferece serviços para o setor bancário, Hélcio Tessaro, concorda. E vai além: "[Na seleção,] focamos mais o lado comportamental, como trabalhar em equipe, interagir com outras culturas e aprender rapidamente [do que o diploma]".
Mas, quando já estão contratados, as empresas incentivam a formação continuada. Não raro, muitas investem em cursos -até nos de graduação.
É o caso de Rodrigo Del Claro, 31, que iniciou sua carreira com formação técnica em eletrônica. Desenvolveu parte de sua trajetória na área de TI até chegar a gerente de relacionamentos da Crivo, companhia especializada em soluções de análise de crédito on-line.
"Fiz cursos que custavam dez vezes o meu salário, e a empresa pagava porque tinha interesse no resultado", diz ele, que formou-se em rádio e TV.

Carreira direcionada
Segundo André Matarazzo, diretor da Gringo, agência de publicidade digital, o ideal é que a formação ocorra tanto dentro da empresa como em cursos paralelos, que sejam voltados para as funções que o profissional desempenha ou para as quais tende a migrar.
Para quem quer começar na área, ele indica: "O melhor é procurar cursos específicos. Falando inglês e demonstrando interesse, um mundo de possibilidades está aberto".


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