PAULA BOSI PREGNACA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Aos estudantes que procuram estágio para colocar em prática a teoria um aviso: as empresas colocaram seus estagiários na sala de aula.
O motivo para estabelecer uma "dupla jornada" de estudo aos estagiários é, dizem as companhias, a qualidade do ensino ofertado nas universidades.
Ao perceberem "falhas" na graduação, muitas empresas passaram a se responsabilizar pelos treinamentos técnico e teórico em seus programas.
A estudante do último ano de administração da USP Mônica Morita Kubo, 21, é uma das que passaram pelo novo modelo.
Durante três meses, cinco horas por dia, ela teve aulas teóricas sobre o mercado de seguros. "Foi importante para conhecer o segmento", diz Kubo, que estagiou na AGF Seguros.
Segundo a diretora de RH, Maria Luísa Ribeiro, a AGF sentiu necessidade de montar um estágio específico sobre seguros porque a faculdade não prepara adequadamente para o ambiente organizacional.
"A universidade nunca será o suficiente. As empresas têm papel significativo na preparação para o trabalho", afirma.

Defasado
Para Sylvana Rocha, gerente técnica do Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola), a explicação também está no modelo educacional brasileiro, "defasado e que não acompanha as transformações do mundo contemporâneo".
Assim como AGF, a Siemens também identificou "falhas" na graduação dos alunos e decidiu investir em reforço teórico. "Isso complementa a formação universitária", diz Mauro Peixoto, analista de RH.
Na avaliação de Carmen Alonso, do Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios), "a área acadêmica tem excelentes teóricos, mas o mercado exige resultados rápidos, obrigando a empresa a "formatar" o profissional para o ramo de atuação".
"Isso contribui para a formação do aluno e aumenta sua chance de conseguir emprego", complementa Rocha, do Ciee.


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