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SOB A SOMBRA DO INSS
Volta ao trabalho é um transtorno, dizem segurados
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Entre os trabalhadores que
retornaram às empresas depois
de passar pela reabilitação,
são comuns as queixas de assédio moral, de recolocação em
funções que pioram os problemas de saúde e de demissão
após o período de estabilidade
definido em convenção coletiva de trabalho e na legislação.
"Passei pela primeira vez por
reabilitação em 2000. Foi só
uma consulta com a psicóloga",
conta a bancária Josefa Dulce
Pereira do Nascimento, 39,
afastada por síndrome do túnel
do carpo, doença provocada
por esforço repetitivo.
Nascimento diz que não pôde
continuar o tratamento porque, na época, o banco em que
trabalhava assinou com a Previdência Social o convênio Prisma Empresas, que permitiu a
realização das perícias na firma. Em 2001, depois de uma
dessas perícias, a bancária recebeu alta.
No retorno à empresa, ela
afirma ter sido discriminada.
"Não podia entrar em um departamento porque o supervisor achava que o que eu tinha
era contagioso. Não me passavam serviço", diz Nascimento,
que passou a sofrer de depressão profunda, o que provocou
novo afastamento naquele ano.
Em 2005, foi reencaminhada
para reabilitação. "Passei por
uma perita que disse que eu estava só engolindo remédio e
não estava adiantando nada.
Mesmo assim, ela me deu alta."
Instável
A demissão é outra prática
recorrente. "Tive alta do INSS
em 2001. Trabalhei uns cinco
meses e depois, fui demitido,
mesmo tendo estabilidade",
conta o metalúrgico Egmar
Teixeira Gomes, 48, que sofre
de tendinite e hérnia de disco.
Gomes espera o resultado de
uma ação que move na Justiça
para a reintegração à empresa.
"Não vou procurar emprego em
outro lugar porque ainda tenho
o vínculo e porque foi lá que adquiri a doença", desabafa.
Um problema adicional é a
aplicação da reabilitação na
empresa como argumento para
não se admitir a relação entre
doença e trabalho. "Dizem que
o funcionário doente está em
readaptação interna e não legalizam a doença ocupacional.
O trabalhador fica nessa reabilitação e, quando esquece um
pouquinho, é demitido", explica o médico do Sindicato dos
Metalúrgicos de Osasco e Região, Marco Antonio Diniz, 47.
Para a pesquisadora da Fundacentro, Maria Maeno, 49, a
solução para esses problemas
passa pela organização de um
serviço de reabilitação profissional definido em conjunto
pelo Ministério do Trabalho e
por universidades e entidades.
"A reabilitação não depende
só da parte técnica como também de um pacto que permita a
essas pessoas na volta ao trabalhar. Isso exige uma política de
Estado", defende.
(CA)
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