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São Paulo, domingo, 09 de fevereiro de 2003

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CONSULTORES DE FUTURO

Empresa júnior é ponte entre livro e crachá

Fernando Moraes/Folha Imagem
Alunos que participam da consultoria atualmente


SÍLVIA FREIRE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O que você acha da oportunidade de administrar uma empresa enquanto cursa a universidade? E se ainda puder aplicar em situações reais de mercado os conhecimentos que está adquirindo?
As empresas juniores -sociedades civis sem fins lucrativos, administradas por alunos, que dão consultoria a clientes externos- ofertam essa possibilidade.
Na maioria delas, não há remuneração pelo trabalho de gestão, mas a recompensa está em enfrentar, dentro da faculdade, uma mostra do que será o trabalho fora dos muros acadêmicos.
"Foi a melhor coisa que fiz", a-valia Thiago Fernandes, 20, presidente de empresa júnior da Eaesp-FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas), a primeira a ser criada no país. "Quando terei a oportunidade de dirigir uma empresa novamente? Daqui a muito tempo", pondera.
Para o aluno, o desafio de participar de uma consultoria é proporcional aos benefícios conseguidos em termos de conhecimento técnico, vivência e desenvolvimento pessoal. Afinal, nem sempre é fácil encarar o cliente -em geral mais velho e com mais experiência-, que espera da equipe de estudantes uma solução para seu problema.
"Há quem nos trate como moleques. Nessa hora, é preciso mostrar conhecimento e passar confiança para os clientes", ensina Felipe Ghiotto, presidente da empresa júnior de administração do Instituto Ibmec Educacional.

Maturidade precoce
Entrar para uma empresa significa, muitas vezes, ter menos tempo para os estudos e para o lazer. Por outro lado, os jovens que conseguem organizar melhor o tempo com as atividades acabam fazendo mais coisas do que antes.
Segundo a consultora de recursos humanos Luciana Guedes Pinto, 30, a passagem por uma empresa júnior pode ajudar os alunos a desenvolver a capacidade de trabalhar em equipe, de liderança e de iniciativa, habilidades valorizadas pelo mercado.
"Demorei de dois a três anos para fazer na agência o que fazia na júnior", diz o publicitário Daniel De Tomazo, 24, gerente de planejamento estratégico da Loducca e ex-presidente da empresa júnior da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Para ele, a experiência, além de ter sido uma porta de entrada para o mercado, contribuiu para dar mais maturidade e segurança no trabalho.

Alunos aplicados
"Lá vem o aluno da júnior de novo." Essa frase, bastante usada nas salas de aula, embora normalmente pejorativa, mostra bem uma das características principais dos "consultores-estudantes": o engajamento na vida acadêmica, dentro e fora da sala.
"Eles fazem perguntas mais inteligentes e aproveitam mais a aula", avalia Marcos Amatucci, coordenador do curso de administração da ESPM de São Paulo.
Não é para menos. Muitas das teorias que são vistas pela primeira vez na sala de aula pela maioria dos alunos já foram usadas pelos consultores juniores. "O pessoal até comenta que a gente está sempre perguntando", diz Bruna Bergemann, 20, que cursa o terceiro ano de comunicação na ESPM.



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