São Paulo, domingo, 09 de junho de 2002

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DÁ IBOPE?

Equipes estranham atividades incomuns

Fernando Moraes/Folha Imagem
Funcionários da Locaweb (empresa de hospedagem de sites) em sala de convivência que inclui TV, jogos, área de leitura e computadores


DA REDAÇÃO

A intenção não é esta, mas, mesmo involuntariamente, ações das empresas voltadas para o bem-estar e a integração às vezes geram mais constrangimento que mudanças práticas nas equipes.
De um lado, há treinamentos que incluem esportes radicais, festas a fantasia e atuações cinematográficas, por exemplo. De outro, benefícios que podem ser usufruídos durante o expediente, como academia interna, aplicação de shiatsu (técnica de massagem) e áreas para estudo.
Apesar da boa intenção das companhias, muitos funcionários se sentem ou perdendo tempo, no caso dos treinamentos "lúdicos", ou temerosos de parar o trabalho para tirar um cochilo no sofá da sala de "relax", por exemplo.
"Há um pouco de modismo, aliado à necessidade que as pessoas sentem de serem arrojadas e se preocuparem com a qualidade de vida", analisa a consultora Denise Hind Kamel, 28, da Selectus.
No caso dos treinamentos, a proposta de desenvolver habilidades a partir de atividades de lazer ou esportivas, como rafting (descida de corredeiras em botes), nem sempre é atingida.
"É preciso avaliar o conteúdo, as técnicas utilizadas e a aplicabilidade do programa antes de adotá-lo. Esses treinamentos não servem para todo mundo. A atividade deve ser adaptada ao perfil do grupo e da empresa", diz Adriana Gomes, consultora da Catho.
"A idéia central, que é destacar traços como liderança, trabalho em equipe, criatividade e improvisação, deve vir acompanhada de atividades que incentivem a prática real na empresa", completa.

Hora de lazer
Quanto aos benefícios, a questão principal para os funcionários é como lidar com a liberdade.
Na Locaweb, empresa de hospedagem de sites, o funcionário pode brincar de Banco Imobiliário, assistir à TV ou jogar conversa fora em sites de bate-papo, desde que não comprometa a escala do setor de atendimento ao cliente.
"Quando entrei na companhia, tive medo de que tanta liberdade pudesse me atrapalhar, mas vi que eu não era o único a usar", afirma Eduardo de Amorim Martinez, 21, analista de suporte.
Procurar amparo nos colegas pode ser uma boa forma de ultrapassar a barreira que se forma entre o trabalho e o benefício.
A gerente comercial Jane Fraga, 50, teve de se acostumar com o programa de uma hora diária de estudo (não-obrigatório) na Íntegra, empresa de tecnologia.
"Tudo o que é novidade encontra resistência. O que ajudou foi a formação de grupos de estudo. Você via que estava todo mundo no mesmo barco." (PAULA LAGO)



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