São Paulo, domingo, 09 de julho de 2006

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sua carreira

psicologia

Há novos espaços em áreas como recursos humanos, judiciária, ambiental e hospitalar

Campo de atuação vai além do divã

DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A capacidade de reflexão analítica, essencial ao psicólogo, não se volta só para o paciente. Ao analisarem as dificuldades do mercado de trabalho, muitos estudantes desistem antes da formatura.
"Eles acreditam que é um caminho para resolver problemas pessoais. Quando se deparam com a realidade, frustram-se e abandonam o curso", opina o professor de psicologia da USP Geraldo José de Paiva.
Os alunos concordam. "Há uma forte quebra de expectativas", admite o estudante do quinto ano da USP Dario Diniz, 24. "Muita gente entra na faculdade com a imagem do paciente no divã, querendo estudar Freud, só que aí começam as aulas de estatística", diz ele, que pretende seguir pelas áreas de RH e de psicologia clínica.
A diretriz das faculdades é generalista, devido à recente abertura de áreas de trabalho, segundo o CRP-SP (Conselho Regional de Psicologia).
"A graduação deve contemplar todas as possibilidades de atuação. Cabe ao aluno se especializar em cursos de extensão", esclarece Maria Gonçalvez, presidente do CRP-SP.
A obtenção do diploma, afirma ela, é somente a primeira etapa da formação do psicólogo. As demais vêm com prática, cursos e vivência pessoal.
O caminho é mais árduo para os que querem atuar em uma das áreas mais cobiçadas da carreira: a psicologia clínica.
As estratégias para se consolidar no atendimento psicoterapêutico variam. A do psicólogo Marcos Reitano foi manter dois trabalhos por três anos.
Durante o dia, trabalhava no departamento de RH de uma empresa. À noite, partia para o atendimento em consultório.
A rotina só terminou quando se deparou com "dois casos muito complexos". "Foi assustador, tive um choque de realidade e compreendi que não estava preparado [para clinicar]." Encaminhou os pacientes para outro profissional e se voltou para a área organizacional, onde se especializou em desenvolvimento de lideranças.

Novos horizontes
Mas as possibilidades de trabalho não se limitam ao divã. Há outros campos em expansão para psicólogos.
Na última década, a profissão vem se diversificando e há profissionais atuando nas áreas esportiva, judiciária, ambiental e hospitalar, entre outras.
"Essa mudança decorre da compreensão de que, mais do que atender no âmbito curativo e individual, é possível fazer um trabalho preventivo e de promoção de saúde coletiva", avalia Gonçalvez, do CRP-SP.
A área organizacional também guarda boas perspectivas. Segundo consultores, é ela que viabiliza a carreira de iniciantes por oferecer mais postos de trabalho e melhor remuneração.
Para a psicóloga Vanessa Lima, 34, o fator econômico foi determinante. "Meu sonho é ser terapeuta, mas a remuneração do estágio em RH era melhor e segui por essa área."
Hoje, especializada em recrutamento e seleção, está abrindo uma consultoria e retomando o atendimento em consultório. "É a minha paixão. Se não fosse paga pelas sessões, acho que não me importaria."


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