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Pressão para participar de greve é ilegal
Empregado coagido a se unir a grevistas pode recorrer à Justiça
DE SÃO PAULO
O artigo nono da Constituição Federal prevê o direito de
greve a qualquer cidadão.
Mas, para não se prejudicar,
o profissional deve tomar alguns cuidados se resolver
aderir a uma paralisação.
Há uma série de normas
que regem as greves -protegendo tanto empregador como trabalhador.
A primeira é observar se a
greve é considerada abusiva
pela Justiça do Trabalho, que
regula situações em que há
disputa nesse sentido. Nesse
caso, o sindicato da categoria
pode ser multado.
Entre as regras também está a imposição de um contingente mínimo de trabalhadores para que serviços essenciais, como os de saúde e fornecimento de energia, sejam
garantidos à sociedade.
Além disso, acrescenta o
advogado trabalhista Daniel
Castro, os sindicatos dessas
categorias são obrigados a
informar a greve às entidades patronais com antecedência de 72 horas.
COAÇÃO
Fazer piquete, bloqueando o acesso ao local de trabalho de quem queira continuar atuando, é também
considerado ilegal.
"Quando os colegas que
querem aderir pressionam, o
profissional se sente acuado,
pois teme que o grupo o isole
depois", opina Ricardo Rabello, diretor da Fellipelli, empresa de gestão de pessoas.
A função dos sindicatos é
informar aos funcionários
quais são os mecanismos de
obtenção de direitos e não
obrigá-los a aderir à greve,
mesmo que seja por constrangimento ou intimidação
psicológica do grupo, explica
Estêvão Mallet, advogado
trabalhista e professor da Faculdade de Direito da USP
(Universidade de São Paulo).
Se houver pressão psicológica, o empregado que não
quiser participar da greve pode denunciar à Justiça do
Trabalho. O sindicato ou o
profissional responsável pela coação pode ser penalizado, completa Mallet.
BLOQUEIO
Também não é permitido
atrapalhar o trânsito e fechar
avenidas em manifestações
se houver prejuízo para pessoas que não estejam envolvidas na paralisação.
"A greve só é legal quando
defende os interesses dos trabalhadores, sem interferir e
prejudicar o direito de terceiros. Por isso, passeatas não
podem incomodar pessoas
que não estão envolvidas",
complementa Mallet.
Para o médico residente
Pedro Tourinho, 28, tesoureiro da Ameresp (Associação
de Médicos Residentes do Estado de São Paulo), o ideal é
buscar a conciliação.
"As paralisações também
prejudicam a sociedade, por
isso paralisamos, mas mantemos atendimento mínimo
", analisa o profissional.
E completa: "A nossa greve durou 31 dias. Com algumas reivindicações aceitas,
não queremos fazer outra por
um bom tempo".
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