Estudo mostra maior incidência de doenças em quem faz trajetos longos

MARCOS DE VASCONCELLOS
DE SÃO PAULO

Quem mora longe do trabalho tem maior incidência de dores no pescoço e nas costas, sente-se mais preocupado e menos descansado e alegre durante o dia.
Esses trabalhadores que passam longas horas no trajeto entre casa e trabalho estão também mais propensos a ter colesterol alto e obesidade, indica pesquisa realizada pelo Instituto Gallup com 173 mil americanos entre julho de 2009 e junho de 2010.
"Quem passa muitas horas no trânsito se estressa mais, se alimenta mal e faz menos refeições diárias -três grandes causadores de obesidade e colesterol alto", explica o vice-presidente do departamento de obesidade da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), Bruno Genoleze.
Apesar de os resultados se aplicarem à população dos Estados Unidos, especialistas afirmam que o período prolongado no deslocamento tem os mesmos efeitos sobre os brasileiros.
"Os problemas foram apontados nos EUA, imagine como é a situação para quem pega trens em pé por duas horas para chegar ao trabalho, como acontece aqui?", indaga o chefe do departamento de medicina do trabalho da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Antônio Carlos Zechinatti.
Para ele, os problemas que incidem em trabalhadores brasileiros devem ser ainda maiores quando comparados aos dos americanos.
A mente também é afetada, sinaliza o psiquiatra Duílio de Camargo, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. Segundo ele, trabalhadores tendem a ter mais ansiedade e irritação devido ao trânsito.

EM SÃO PAULO
Os paulistanos, que levam uma média de 108 minutos para ir ao trabalho e voltar dele, devem estar atentos, recomendam especialistas (leia mais no texto ao lado).
O pior nível de bem-estar indicado pela pesquisa americana está entre aqueles que passam de 90 a 120 minutos no trânsito por dia.


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