São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 2006

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ENGENHEIROS GLOBAIS

Empresas investem em formação internacional

Para executivos de RH, jovem deixa faculdade com "mentalidade local"

Renato Stockler/Folha Imagem
PELO MUNDO
A engenheira Marina Velecico, 26, que tem o duplo diploma pela École Centrale de Paris e pela USP, estagiou em Londres


DA REDAÇÃO

O interesse dos alunos de engenharia em obter vivência internacional durante a graduação tem um motivador claro: a procura crescente de empresas por jovens profissionais com habilidades interculturais.
"Hoje, os mesmos produtos são fabricados e vendidos em diferentes mercados, por isso é essencial ao engenheiro entender muito bem o consumidor antes de projetar a mercadoria. Além disso, é cada vez mais comum trabalhar em equipes internacionais", explica o professor da Escola Politécnica da USP Paulo Carlos Kaminski.
A demanda sem precedentes pelo engenheiro global, afirma, é nítida tanto nas empresas transnacionais quanto nas em fase de internacionalização.
Mas, se o número de estudantes brasileiros no exterior é crescente, a tendência de globalização da carreira, que vem de fora para dentro das universidades, ainda não preenche as necessidades das companhias.
"Os jovens recém-formados chegam às empresas muito voltados para o mercado local. As universidades oferecem desenvolvimento técnico, porém não passam um conhecimento globalizado", aponta Ricardo Del Palacio, gerente de RH da multinacional suíça Sika Brasil.
"A formação acadêmica tem muito a evoluir. A habilitação ficou "parada" por anos", concorda Antônio Martins, gerente de engenharia da Ecovias.
Enquanto isso não acontece, os próprios empregadores investem na formação desse profissional. É o caso da NEC, que envia os engenheiros para uma temporada de dois anos no Japão, país onde está a matriz.
"Hoje temos 20 colaboradores fora do Brasil e o intercâmbio vem aumentando nos últimos dois anos", afirma o diretor de RH, Donizetti Moretti.

Plano de carreira
Na avaliação do gerente de desenvolvimento da CST-Arcelor, José Augusto do Santos Servino, "é importante que o perfil multicultural não seja imposto pelas empresas".
"Ele deve fazer parte do plano de carreira da pessoa, pois é possível ter uma vida profissional ascendente sem ser global."
Servino, contudo, diz reconhecer as chances reduzidas de crescimento a quem se limita a fazer carreira no Brasil. "O mais importante é estar feliz. A vida do engenheiro internacional não é fácil", conclui.


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