São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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ONDE ESTÁ A MAMÃE?

Redução de custos e foco no produto aceleraram a redução; para mães, o benefício é insubstituível

Só 3% oferecem creche, revela estudo

TATIANA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a fêmea do canguru carrega o filhote na bolsa até que ele esteja desenvolvido, a mãe da espécie humana tem de escolher onde deixar a criança após a licença-maternidade -ou seja, aos quatro meses de idade do bebê.
Nessa hora, quem conta com uma creche no local de trabalho leva vantagem significativa. Estudo da consultoria Hewitt (com empresas nacionais, estatais e multinacionais atuantes no país), porém, aponta que o benefício é raro nas empresas: das 80 firmas pesquisadas, só 3% o oferecem.
Segundo dados da mesma pesquisa, 43% das firmas fornecem o auxílio-creche. Permitido por lei como alternativa à oferta de berçário (leia mais no quadro ao lado), o sistema de reembolso, entretanto, passa longe de agradar tanto quanto o espaço destinado às crianças na própria empresa.
"Para o funcionário, ter o filho ao lado é muito melhor", comenta Thaís Blanco, 31, responsável pela consultoria de benefícios na Hewitt. "Mas, para o empregador, a complexidade de fornecer só é válida se houver empatia com o perfil da empresa. Se a maioria dos colaboradores forem solteiros, a opção poderá perder o sentido."
Para Carmen Rittner, professora de psicologia social da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), a febre por redução de custos e o foco no produto são fatores que aceleraram o sumiço dos berçários empresariais.
"Empresa com creche é fornecedora de serviço aos funcionários, e muitas não se sentem confortáveis nesse papel", observa.

"Não somos bons nisso"
"A Giroflex é boa em fazer móveis, cadeiras, mesas. Gerir creche é outra coisa", argumenta o diretor de finanças da marca, Dinis Schaffer, 52. A empresa, que por 45 anos manteve estrutura interna para crianças de até sete anos, terceirizou o serviço em 1998. "Repassamos para uma escola vizinha, aberta pelos funcionários da antiga creche interna", diz.
Edna Lemos, 41, supervisora da Giroflex, criou a filha Sara, 11, na empresa. "Quando ela tinha três anos, recebi uma proposta de emprego, mas não fui. O benefício pesou na minha escolha", afirma.
Um aumento no grau de instrução dos colaboradores, seguido de mais planejamento familiar, vem esvaziando a creche da Arno em São Paulo. "Já atendemos 30 bebês. Hoje só temos sete", contabiliza o gerente de RH, Wilson Bottura, 55, que estima investir R$ 500 mensais por criança. "Compensa por garantir um bom clima organizacional."


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