São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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ONDE ESTÁ A MAMÃE?

Obrigatoriedade de contratar berçário ou escola para cuidar do filho reduz a eficiência do auxílio-creche

Tranqüilidade vale mais do que dinheiro

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de se equipararem no que diz respeito ao cumprimento da legislação trabalhista, quando postos na balança auxílio-creche e berçário interno, o peso maior parece estar mesmo com o último.
"Se fosse para trocar [a creche] por dinheiro, teria de ser uma quantia alta. Devo economizar R$ 900 com cada uma [das filhas]", calcula Ane Cristine Fiel, 29, mãe das gêmeas Cecília e Marina, de 11 meses. Ela é enfermeira do Hospital Albert Einstein, que garante creche às crianças até completarem sete anos.
Com 60 mil funcionários no país, 45% deles mulheres, a rede Pão de Açúcar tem um grande problema a contornar. Segundo levantamento do grupo, 6.890 filhos de funcionários com idade entre zero e seis anos têm pais com renda inferior a R$ 1.000.
A empresa fornece o auxílio-creche no limite do que é imposto por lei, ou seja, até os seis meses da criança. Depois, as despesas correm por conta do funcionário. "Precisamos de creches, mas não temos espaço, e o investimento seria exorbitante. Buscamos parcerias com associações de bairro, com igrejas", diz Fernando Solleiro, 43, diretor de RH. Por outro lado, o Pão de Açúcar reembolsa despesas escolares de fihos de funcionários do alto escalão.

Inútil
Quando a designer Luciana Mafra, 28, voltou ao batente, fez um acordo com Aline Borges, 26, sua prima: para que ela cuidasse de Ana, sua filha de cinco meses, Mafra pagaria as mensalidades de um curso técnico.
"Nesse caso, minha despesa não é custeada porque minha filha não está indo para uma creche particular. A questão é que realmente preciso que fique com alguém de confiança, porque ela ainda é muito pequena", explica.
Atrelar o auxílio-creche à obrigatoriedade de a criança estar matriculada numa escola é um "nó" que compromete a alternativa. "Babá, mãe ou parente que ajudem a mãe com a criança não têm incentivo fiscal. Isso inviabiliza o benefício: em vez de ajudar, torna-se inútil em alguns casos", descreve Thaís Blanco, da Hewitt.
A Gradiente, que hoje fornece auxílio-creche aos seus colaboradores, está revendo a opção e informou pretender montar uma creche na unidade fabril de São Paulo. O projeto começará a ser discutido a partir de agosto deste ano, segundo afirma a empresa.


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