S?o Paulo, domingo, 11 de setembro de 2011

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SUA CARREIRA

Regulamentação deve suprir carência de bons sommeliers

Lei que rege profissão exige mais qualificação e é passo para piso salarial

CAMILA MENDONÇA
DE SÃO PAULO

Aparecida Alves, 30, trabalha com vinhos há dez anos -começou como promotora em supermercados e tenta se estabelecer como sommelier em Santos (a 72 km de São Paulo). "Aqui, o mercado é muito pequeno e não remunera bem", comenta.
Alves diz ganhar R$ 1.400 por mês, além de comissão referente aos vinhos que vende. Contudo, ela espera dias melhores após a regulamentação da profissão, publicada no "Diário Oficial da União" em 29 de agosto.
A regra (lei nº 12.467) disciplina as obrigações do profissional, responsável por organizar, preparar e executar o serviço de vinhos em estabelecimentos, gerenciar o armazenamento da bebida, atender clientes e esclarecer suas dúvidas.
Na prática, afirmam advogados, a profissão passa a existir para o Ministério do Trabalho. Antes, os sommeliers eram registrados como garçons ou assistentes -classificações "próximas" à do trabalho que executam.
A regulamentação também é o primeiro passo para um futuro piso salarial, diz Arthur de Azevedo, diretor-executivo da ABS (Associação Brasileira de Sommeliers).
Apesar de a medida abranger apenas os sommeliers de vinhos, os especialistas em outras bebidas também poderão sentir seus efeitos. "Haverá um impacto por comparação", prevê Juliana Trombeta Reis, coordenadora da área de bebidas e serviços em restaurantes do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) de São Paulo.
Para Guilherme Balbin, 26, essa é uma boa notícia. Há um mês, o publicitário trocou a rotina "estressante" da área comercial de uma empresa de transportes pela cerveja -formou-se especialista e hoje é consultor comercial e sommelier da Cerveja Gourmet, loja on-line de cervejas.
"Antes de me formar, já recebia propostas, por conhecer as pessoas que estão nesse mercado", conta. O interesse pela bebida se deu há seis anos, quando experimentou uma cerveja alemã. "A partir daí, não parei mais."

EXIGÊNCIAS
Azevedo, da ABS, explica que o mercado para sommeliers de bebidas "é promissor, mas carente". "Sempre tenho mais vagas [de emprego] do que profissionais", frisa.
Embora o artigo da lei que previa a necessidade de formação específica para atuar como sommelier tenha sido vetado, a profissionalização exigirá maior qualificação. "Os estabelecimentos sabem disso e buscam quem é especializado", diz Reis, do Senac.
O aumento do número de turistas que desembarcam no país e os grandes eventos que o Brasil promoverá nos próximos anos, lembra, devem fortalecer essa exigência.


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