São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2005

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O MUNDO DA DIPLOMACIA

No papel de delegados internacionais, universitários vivenciam o dia-a-dia de diplomatas e empresários

Missões simulam negociação fora do país

ENVIADO ESPECIAL À EUROPA

Agenda do dia: pela manhã, encontro com o ministro da Educação, Fernando Haddad, em Paris. À tarde, discussões de negócios entre comitiva de empresários do Paraná e órgãos da indústria local. Em seguida, coquetel com a embaixadora Vera Pedrosa. Próximo compromisso: debates na sede da ONU e da Unctad, em Genebra.
Seria fácil imaginar diplomatas ou mesmo empresários brasileiros repassando com a secretária os encontros descritos. Porém a agenda lotada pertence, nesse caso, a um grupo diferenciado: universitários de 18 a 22 anos.
Na realidade, trata-se da simulação de uma missão comercial e diplomática, conceito de viagem de estudos que tem se tornado tendência no mundo acadêmico. Nela, os estudantes vivenciam o dia-a-dia de uma delegação fora do país, participando de encontros com empresários e diplomatas e conhecendo organismos como ONU, OMC e Unesco.
"O objetivo é estimular nos futuros profissionais seu lado consultor e negociador", afirma a "embaixadora" Claudya Piazera, que organizou a Missão Comercial & Diplomática França-Suíça, simulação com 21 universitários que foi acompanhada pela Folha.
Para os estudantes, a principal vantagem é sair da teoria dos livros e poder verificar de fato como é o dia-a-dia dos representantes brasileiros no exterior. "O melhor é que passei a saber o que é diplomacia na vida real e como funcionam os organismos internacionais", avalia o estudante de RI Renan Abi Chedid, um dos "delegados" da missão simulada. "Agora, após visitar diretamente o local de trabalho, sei o que é atuar fora do país, seja na área comercial, seja na diplomática", emenda Marcelo Mazoti, 22, aluno do último ano de direito.
Já na opinião de Fernanda Tonetti e Souza, 18, a viagem ajudou a derrubar o "mito do diplomata". A estudante foi escolhida para participar de um jantar na residência do ex-embaixador da Jamaica Anthony Hill. "Estava ansiosa com a formalidade do evento, mas, no fim, percebi que é bem mais simples do que imaginava."
As únicas restrições, apontam os "delegados", são o desgaste da viagem e o custo -a simulação não sai por menos de US$ 2.500.
Mas, para os que não dispõem de tempo ou de recursos financeiros e querem sentir na pele como age um negociador internacional, uma opção são os eventos que reproduzem, no Brasil, encontros e debates de membros da ONU.
"Haverá uma simulação a partir da próxima quarta-feira até domingo, a um custo de R$ 150", informa Renato Shiratsu, 24, presidente da Feneri (Federação Nacional dos Estudantes de Relações Internacionais). A entidade acaba de embarcar 33 universitários aos Estados Unidos, em uma representação diplomática que visitará organizações (como Banco Mundial e Greenpeace) e universidades (onde haverá debates com famosos como Francis Fukuyama, autor de "O Fim da História").
"Tudo isso são iniciativas para complementar a formação em RI, já que, em muitos casos, os que instruem esses jovens nem sequer saíram do país ou falam inglês", justifica o diplomata Marcos Prado Troyjo, que inaugurou, na semana passada, o Centro de Diplomacia Empresarial, a fim de oferecer cursos sobre o tema e também organizar missões de caráter comercial ao exterior.


O jornalista Cássio Aoqui viajou a Paris e a Genebra a convite da Missão Comercial & Diplomática França-Suíça.

Contatos: Claudya Piazera (próxima missão prevista para março), 0/xx/ 11/3057-2640; Feneri, contato@feneri.org.br; Marcos Troyjo, www.diplomaciaempresarial.com.br


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