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Diálogo sutil leva a mudanças
Profissionais contam como a conversa franca reverteu problemas no ambiente de trabalho
Sou eleito para falar sobre temas delicados
DE SÃO PAULO
Converso com todo mundo do escritório, por isso geralmente sou escolhido para
falar com as pessoas sobre temas delicados.
Trabalhei com um trainee
que transpirava muito. Seu
suor tinha um odor muito
forte e todos comentavam.
Certo dia, estávamos na
sala de espera de um cliente e
aproveitei que estávamos sozinhos para comentar com
ele o fato, deixando claro que
havia a possibilidade de ele
não ter percebido.
Disse que poderia ser um
problema de pele ou hormonal. Ele foi ao endocrinologista, fez uma microcirurgia
e resolveu a questão.
Outra vez, cheguei para
uma garota de 16 anos e disse
que não era legal ela ir trabalhar com a barriga de fora.
Ela desconfiou de mim e foi
perguntar para a chefe, que
confirmou que as roupas não
estavam adequadas.
JOÃO SANTOS, 55, gerente de marketing
Mau hálito atrapalhou candidato a promoção
DE SÃO PAULO
Trabalhava com um
aprendiz que tinha um cheiro muito forte, que incomodava a todos. Disse a ele que
tinha um assunto difícil para
tratar, mas que queria abordar por me importar com ele.
A reação foi de um pouco
de descrédito e vergonha,
mas dei exemplos de outras
situações para ele não achar
que era o único.
Ele me disse que não tinha
o hábito de usar desodorante. Respondi que ele teria de
mudar seu comportamento e
perguntei se poderia voltar a
abordá-lo se notasse que o
problema persistia. Ele me
deu essa liberdade.
Esse tipo de "feedback"
evita a situação que vi acontecer uma vez. Um executivo
que tinha mau hálito concorria a uma vaga e não foi contemplado. Ninguém falou,
mas sei que uma das razões
foi essa. Faltou diálogo.
CINTIA BORTOTTO, 33, gerente de
desenvolvimento organizacional
Passei a me vestir bem depois de conselho
DE SÃO PAULO
Cresci em Cachoeira Paulista (a 212 km de São Paulo). Nunca havia vestido um terno até vir trabalhar em São Paulo. Na verdade, não via as pessoas de terno. Lembro-me de ter visto apenas meu avô, no dia de seu enterro.
Quando vim para cá, ganhei um terno que era do meu tio. Não era muito bonito, mas não tinha muita noção de vestuário e o usava.
Também achava que era só trocar de camisa e de gravata que estava tudo bem.
Um dia, uma colega de trabalho começou a fazer comentários sutis a respeito de vestimentas e notei que ela estava falando de mim.
Não me senti ofendido. Ao contrário, [reconheço que] ela tinha razão. Quando saí da empresa naquele dia, fui comprar ternos bons. Se não fosse por esse toque, não sei até quando me vestiria daquela maneira.
PAULO ALESSANDRO, 31, sócio da 2S
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