São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 2007

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Na mira do altruísmo

Aprendizado é a principal vantagem de voluntariado

Roberto Assunção/Folha Imagem
A consultora Giuliana Paim, que diz aprender como voluntária


MARIA CAROLINA NOMURA
DA REPORTAGEM LOCAL

O início do ano é o período ideal para pôr em prática desejos como o de ajudar os outros e o de alavancar a carreira, seja conquistando um emprego, seja recebendo uma promoção.
Sabendo disso, há quem tente unir o útil ao agradável, engajando-se como voluntário sem perder de vista a chance de ganhar visibilidade na carreira.
Motivos para praticar boas ações não faltam. De acordo com especialistas, a iniciativa pode ajudar a melhorar a imagem do profissional e a amenizar a competitividade entre funcionários no trabalho.
"O retrato é o de alguém que tem outras motivações de vida além do trabalho. Por ter a visão de quem está inserido em algo maior, mostra-se preocupado com os demais", ressalta a diretora de consultoria da Career Center Simone Lasagno.
Para a consultora de projetos de gestão Giuliana Paim, 26, que pretende atuar no terceiro setor, a ação voluntária é, na verdade, sua "sala de aula".
"O trabalho social me deu novas capacidades, como a habilidade gerencial. As ONGs, em geral, apresentam falta de estrutura e recursos escassos. Tenho de lidar, portanto, com temas complexos que exigem diariamente reflexão, crítica e aprimoramento desses aspectos gerenciais do setor", diz.
"A solidariedade que a gente desenvolve ajuda no ambiente profissional porque um entende melhor as necessidades do outro", afirma o administrador de empresas Marcos Antonio Maiello, 55, voluntário em entidades sociais há 15 anos.
Já para o executivo Rafael Navarro, 33, que há dois anos participa de projetos alternativos para geração de renda a comunidades carentes, o principal é ver os resultados práticos.
"É uma excelente oportunidade de aplicar todos os conceitos que aprendi na minha profissão e, ainda, ajudar alguém a construir seu próprio negócio."

Divisor de águas
Apesar de o aprendizado ser importante, é preciso ter em mente que a maioria das empresas não inclui os serviços comunitários como requisito.
"Numa entrevista de emprego, nunca me perguntaram se eu fazia trabalho voluntário", pondera Paim. Para ela, essas ações tendem a ser mais notadas por empresas que investem grandes somas em projetos de responsabilidade social.
A opinião é compartilhada pelo consultor da Michael Page Pedro Amaral Dinkhuysen. Segundo ele, o gesto, seja do funcionário, seja do candidato a uma vaga no mercado, não tem grande influência na hora da promoção ou da contratação.
"Entre um candidato que faz trabalho voluntário e não fala inglês e outro que fala inglês e não faz ações sociais, a vantagem do segundo é muito maior. Isso nunca será um divisor de águas -pode ser um quinto ou sexto caráter de desempate."
"O trabalho no campo social de fato não é determinante", diz a consultora Simone Lasagno, "mas ajuda a dar pistas sobre o caráter do profissional".


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