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Na mira do altruísmo
Aprendizado é a principal vantagem de voluntariado
Roberto Assunção/Folha Imagem
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A consultora Giuliana Paim, que diz aprender como voluntária |
MARIA CAROLINA NOMURA
DA REPORTAGEM LOCAL
O início do ano é o período
ideal para pôr em prática desejos como o de ajudar os outros e
o de alavancar a carreira, seja
conquistando um emprego, seja recebendo uma promoção.
Sabendo disso, há quem tente unir o útil ao agradável, engajando-se como voluntário sem
perder de vista a chance de ganhar visibilidade na carreira.
Motivos para praticar boas
ações não faltam. De acordo
com especialistas, a iniciativa
pode ajudar a melhorar a imagem do profissional e a amenizar a competitividade entre
funcionários no trabalho.
"O retrato é o de alguém que
tem outras motivações de vida
além do trabalho. Por ter a visão de quem está inserido em
algo maior, mostra-se preocupado com os demais", ressalta
a diretora de consultoria da Career Center Simone Lasagno.
Para a consultora de projetos
de gestão Giuliana Paim, 26,
que pretende atuar no terceiro
setor, a ação voluntária é, na
verdade, sua "sala de aula".
"O trabalho social me deu
novas capacidades, como a habilidade gerencial. As ONGs,
em geral, apresentam falta de
estrutura e recursos escassos.
Tenho de lidar, portanto, com
temas complexos que exigem
diariamente reflexão, crítica e
aprimoramento desses aspectos gerenciais do setor", diz.
"A solidariedade que a gente
desenvolve ajuda no ambiente
profissional porque um entende melhor as necessidades do
outro", afirma o administrador
de empresas Marcos Antonio
Maiello, 55, voluntário em entidades sociais há 15 anos.
Já para o executivo Rafael
Navarro, 33, que há dois anos
participa de projetos alternativos para geração de renda a comunidades carentes, o principal é ver os resultados práticos.
"É uma excelente oportunidade de aplicar todos os conceitos que aprendi na minha profissão e, ainda, ajudar alguém a
construir seu próprio negócio."
Divisor de águas
Apesar de o aprendizado ser
importante, é preciso ter em
mente que a maioria das empresas não inclui os serviços
comunitários como requisito.
"Numa entrevista de emprego, nunca me perguntaram se
eu fazia trabalho voluntário",
pondera Paim. Para ela, essas
ações tendem a ser mais notadas por empresas que investem
grandes somas em projetos de
responsabilidade social.
A opinião é compartilhada
pelo consultor da Michael Page
Pedro Amaral Dinkhuysen. Segundo ele, o gesto, seja do funcionário, seja do candidato a
uma vaga no mercado, não tem
grande influência na hora da
promoção ou da contratação.
"Entre um candidato que faz
trabalho voluntário e não fala
inglês e outro que fala inglês e
não faz ações sociais, a vantagem do segundo é muito maior.
Isso nunca será um divisor de
águas -pode ser um quinto ou
sexto caráter de desempate."
"O trabalho no campo social
de fato não é determinante",
diz a consultora Simone Lasagno, "mas ajuda a dar pistas sobre o caráter do profissional".
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