São Paulo, domingo, 14 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Policiais e seguranças lideram ranking de estresse; traços de agressividade foram detectados em 52%

Ansiedade atinge 82% dos profissionais

DA REPORTAGEM LOCAL

"Quando vejo um grupo de torcedores de futebol, não cobro passagem para evitar problemas. Já abro logo a porta de trás." Para esquivar-se do estresse, o motorista de ônibus urbano Ildeci de Oliveira, 34, põe em prática uma receita infalível: "Não esquento a cabeça. Se esquentar, estresso demais".
No entanto, sua postura não é tão comum em grandes cidades. Pela primeira vez, a profissão figura no ranking das mais estressantes (na segunda colocação), elaborado pela Isma-BR (International Stress Management Association do Brasil) em 2003.
Rotas repetitivas, problemas de segurança e falta de tempo até para ir ao banheiro são algumas das causas do estresse dos motoristas.
Inédito, o levantamento verificou que 82% dos mil profissionais consultados (de várias carreiras) apresentam traços de ansiedade em diversos graus, índice que surpreendeu os pesquisadores. "O número está muito acima do esperado. A expectativa era que o nível de ansiedade fosse permanecer por volta de 60%, o que já configuraria uma população ansiosa", diz Ana Maria Rossi, presidente da filial brasileira da associação internacional.

Escala
O nível de estresse dos profissionais foi mensurado obedecendo a uma escala de um a sete. Freqüência, duração e quantidade de sintomas foram contabilizadas na pesquisa, realizada em Porto Alegre e em São Paulo.
Angústia (78%), traços de agressividade (52%), queixas de dores musculares (96%) e de problemas gastrointestinais (32%) foram outros sintomas detectados pelo levantamento, que não deixou de fora nem mesmo padres e freiras.
Muitos casos de dificuldade para dormir foram identificados entre policiais e seguranças particulares, os mais estressados, segundo a pesquisa. A insônia também foi observada em 58% do total de profissionais entrevistados. Mesmo fora do expediente, afirma Rossi, os policiais estão estressados, já que é comum o temor de sofrer represálias.
Para o professor aposentado da Unicamp Maurício Knobel, que está desenvolvendo pesquisa sobre qualidade de vida, o estresse também é fomentado pelos baixos salários pagos aos policiais. Melhores remunerações e reconhecimento social, diz ele, motivariam e amenizariam o estresse.
Profissionais que atendem ao público (categoria em que se inserem operadores de telemarketing), bancários, profissionais da saúde e executivos dividiram o "pódio do estresse" na terceira posição, seguidos pelos jornalistas, em quarto lugar.
Estilo de vida mais saudável (leiam-se atividades físicas regulares, horas suficientes de sono e alimentação adequada) e apoio social da família e dos amigos aliviam o quadro, de acordo com Rossi. Em ambiente de trabalho, o domínio de pelo menos uma técnica de relaxamento (veja quadro ao lado) pode ser positivo. (SBR)


Texto Anterior: Ex-funcionários afirmam ter sido humilhados
Próximo Texto: 66,4% dos executivos têm sobrepeso
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.