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"NETBURNING"
Relações arriscadas
Fofocar no corredor é mais seguro do que em redes sociais;
empresas mapeiam comentários de seus colaboradores
ANDRÉ LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL
A rede mundial de pessoas,
uma definição plausível para
a internet, é vista como um
território de oportunidades na
hora de fazer "networking".
Expandir contatos, mostrar
engajamento, ser microfamoso
com textos de 140 caracteres
e compartilhar imagens são
elementos para contar a história de uma marca pessoal.
Mas é nesse momento em
que as oportunidades aumentam que os riscos crescem na
mesma proporção.
A rede de contatos, ou "networking", vira rapidamente
uma rede de "queimação",
quando o comportamento foge
do código de conduta, ainda em
construção, do mundo virtual.
Seria o "netburning"-para
manter o vício corporativo por
estrangeirismos- um próximo
arrasador de carreiras?
No âmbito jurídico, já é, afirma Patrícia Peck, advogada especializada em direito digital.
Sem citar nomes, ela conta o
caso de uma executiva que deixou de ser convidada para o
cargo de vice-presidente devido a fotos, na internet, em que
aparece em poses sensuais ou
alcoolizada. Em outro caso, um
profissional perdeu o emprego
por chamar o chefe de "banana" em um fórum de discussão.
"Existe uma simbiose entre a
reputação das empresas e a dos
indivíduos", opina a advogada.
Pela legislação brasileira, explica, fofocar num corredor
cheio de pessoas é mais seguro
do que no mais remoto fórum,
onde computadores registram
e copiam tudo. "A internet gera
o efeito de prova escrita", diz.
Os hábitos colaborativos,
considerados por muitos os pilares de uma nova economia,
também podem arruinar carreiras. "Um pedido de patente
foi inviabilizado porque a pesquisadora publicou uma especificação técnica", afirma.
Diego Monteiro, consultor
de mídias sociais da empresa de
monitoramento de redes sociais Direct Labs, concorda
com Peck que muitos casos são
encontrados por empresas que
usam ferramentas de acompanhamento de marca. Um de
seus clientes, diz, achou na internet uma peça de campanha.
"Uma pessoa [que participava]
da reunião tinha postado. Caiu
um pouco mal."
Transparência
Para consultores, o melhor é
que as empresas explicitem políticas claras do que seus funcionários podem publicar.
Uma pesquisa feita em janeiro pela Manpower, consultoria
global de gestão de pessoas,
com 850 empresas nacionais,
mostra que 55% delas já exercem algum tipo de controle do
uso que seus empregados fazem de redes sociais.
Com ou sem manuais de conduta (veja dicas na pág. 3), o
bom senso continua sendo a regra, considera Scher Soares,
consultor de empresas e usuário ativo de redes sociais.
Ele cita casos de pessoas prejudicadas pelo comportamento
on-line. Uma colega que não
conseguia emprego porque
suas redes sociais estavam repletas de fotos "na balada". Outro, de uma pessoa que reclama
de processos do ambiente de
trabalho. "Não adianta reclamar para quem não resolve."
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