|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Contrato de risco
Empresa usa curso para tirar dinheiro de candidato
Desempregados e recém-formados são vítimas mais fáceis de enganar
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Grávida e desempregada, a
designer Patrícia Borbolla, 23,
acreditou que, se fizesse um
curso de treinamento em telemarketing, voltaria prontamente para o mercado.
"A empresa informou que
custo era de R$ 360, dividido
em duas vezes. Prometeram
que eu teria um emprego."
Depois de pagar a taxa, Borbolla diz que não conseguiu vaga nas aulas. "Falavam que a sala estava lotada. Depois disseram que eu não tinha cadastro.
O que eu fiz? Chorei muito."
Segundo o promotor José
Luiz Bednarsky, a tática de vender cursos é uma das mais usadas pelas empresas que enganam os profissionais. Outra é
chamar desempregados de outros Estados para entrevistas
que só acontecerão mediante
pagamento adiantado.
O desespero para conseguir
um emprego levou a administradora de empresas Roberta
Tercette, 32, a cair duas vezes
no golpe. "Na primeira agência,
cobraram R$ 500 para o processo de seleção. Na segunda,
R$ 80 de teste psicológico."
Não são apenas os desempregados as vítimas mais comuns.
A ansiedade para estrear no
mercado faz de estudantes e recém-formados presas fáceis.
A arquiteta Adriana Victorelli, 25, conta que, quando estava
no penúltimo ano da faculdade,
a empresa de recrutamento e
seleção Gatework ligou para ela
comparecer a uma entrevista.
"Era meio período e salário
de R$ 1.500, quase impossível
para um estudante", lembra.
Mas o estágio dos sonhos tinha um preço: dois cheques de
R$ 250. "Depois me arrependi.
Só consegui resgatar um cheque, tive de sustar o outro. Não
caí no conto, mas tropecei."
No site do Tribunal de Justiça constam 63 processos contra
a Gatework, cuja página na internet está desativada. A reportagem não localizou a empresa.
Ônus da prova
Mesmo que não esteja no
contrato, promessas verbais
valem como prova, segundo a
professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) Suzana Cata Preta, especialista
em direito do consumidor.
"Quem tem de provar que
não prometeu o emprego é a
empresa e não o consumidor."
Quem foi lesado pode procurar a Fundação Procon ou entrar com ação no Juizado Especial de Pequenas Causas.
(MCN)
Texto Anterior: Chapéu no golpe Próximo Texto: Tentar negociar pagamento pode ser a saída para driblar golpistas Índice
|