ANDRÉ LOBATO
COLABORAÇÃO PARA FOLHA

Uma empresa cujos métodos de gestão são sinônimo de fracasso nos mais bem-aceitos manuais de administração está a caminho da liderança global da indústria automobilística.
Esse é o cenário apresentado em "Relatório Toyota". Para os cinco autores que assinam o livro, a companhia deverá superar a liderança da General Motors com um modelo de gestão similar ao de muitas empresas atualmente estagnadas.
A corporação japonesa possui uma administração homogênea -na contramão da tendência de diversificação das lideranças- e emprega mais pessoas em escritórios regionais do que a concorrência. Além disso, seus altos executivos são inacessíveis aos gerentes médios, e a empresa não tem foco estratégico claro.
A política de recursos humanos, por exemplo, não indicou a demissão de funcionários quando o Japão passou por uma crise econômica, na década de 1990. A remuneração por dividendos é similar à de companhias de porte menor.
Mas, com muitos funcionários e baixa remuneração, a empresa fez muito caixa: em 2007, foram US$ 20 bilhões. Tais características levaram os autores a chamar a gestão da companhia de contraditória.
Um exemplo disso é a política de inovação -os carros mudam pouco, mas o lema é "nunca se sinta satisfeito".
Com acesso a informações fechadas para o público e após 220 entrevistas com executivos da empresa, os autores concluíram que o contraditório é o que dá força à companhia.
A quem quer seguir o exemplo, o grupo indica adotar as contradições como estilo de vida, desenvolver rotinas para resolver as incoerências e deixar que todos sugiram soluções.
Faltam ao livro análises sobre o impacto da cultura japonesa no sucesso do modelo, já que os manuais que ensinam mo administrar são, em sua maioria, norte-americanos.