São Paulo, domingo, 18 de janeiro de 2004 |
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CAMPO FÉRTIL Globalização e expansão do setor agrícola ampliam vagas "Agroprofissões" colhem mercado em alta
DANIELLE BORGES FREE-LANCE PARA A FOLHA Colocar o pé na terra e mãos à obra. Essa é a filosofia de profissões que compõem a base do agronegócio no país e que vêm encontrando terreno fértil no mercado de trabalho com a expansão desse setor da economia. São engenheiros agrônomos, zootecnistas, veterinários e agrimensores, que, responsáveis pelo manuseio da terra, nos últimos tempos têm ganhado outras tarefas: administrar e gerenciar o negócio de maneira mais global. Esse novo perfil dos profissionais, aliado a fatores como a mecanização no campo, tem ajudado o agronegócio brasileiro a bater recordes. Em 2003, as exportações do setor somaram US$ 30,639 bilhões, segundo o Ministério da Agricultura. O total supera em 23,3% as exportações no ano anterior -o recorde até então. Com esse cenário, o agronegócio foi um dos responsáveis pelo superávit de US$ 24,824 bilhões na balança comercial brasileira. E as expectativas para este ano não poderiam ser mais positivas. O setor tende a gerar mais empregos e a exigir cada vez mais mão-de-obra especializada. Atualmente, o mercado de agronegócios é responsável por 37% dos postos de trabalho no país. Como conseqüência da globalização, a atividade ganha novas proporções. Aos profissionais cabe, agora, não só cuidar do cultivo mas também de todo o processo produtivo -e, nesse caso, abre-se um leque bem maior. Inseminações e satélites A regra é a interdisciplinariedade, que alia as especialidades a um único objetivo -o de melhorar e maximizar a produção. "Tudo isso é conseqüência do mundo globalizado em que vivemos. Atualmente, os profissionais precisam ter responsabilidade com o que acontece no ambiente", diz Roberto Parra, diretor da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), em Piracicaba (162 km da capital). Exemplos não faltam. Sendo o Brasil o segundo maior produtor de carne bovina -atrás dos EUA-, veterinários e zootecnistas trabalham em conjunto para garantir o nível internacional de qualidade. "Como parte desse processo, criadores monitoram também, dia a dia, a qualidade da ração", diz Mônika Bergamaschi, 34, diretora da Abagrp (Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto, SP). Outro recurso que tem tido cada vez mais espaço na pecuária é a inseminação artificial. "O produtor consegue maximizar a produção, fazendo com que os animais que são bons produtores de óvulos [as matrizes] o façam com mais freqüência", afirma. Nesse processo, em vez de deixar que o animal siga o fluxo normal de reprodução (que leva nove meses e meio mais o tempo de amamentação), produtores utilizam os óvulos produzidos pelas matrizes, mas transferem a tarefa da gestação para outros animais. O agrônomo também tem ganhado atividades mais amplas, que incluem o gerenciamento da produção e do solo. Ganham força atividades como o georreferenciamento, que consiste na medição via satélite das áreas produtivas. "Com isso, o controle sobre o aproveitamento das áreas é muito maior", explica Bergamaschi. Próximo Texto: Carreiras migram para desbravar terreno Índice |
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