São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2005

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MUNDO ACADÊMICO

Temporada de feiras para a promoção de cursos fora do país aquece a procura por estudantes brasileiros

Inscrição para pós no exterior começa agora

RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se quiserem fazer companhia aos cerca de mil pós-graduandos brasileiros na Inglaterra ou aos 1.900 na França (segundo as embaixadas e consulados), por exemplo, os candidatos a mestrado e doutorado no exterior devem apressar-se. Iniciam agora as inscrições para o próximo ano letivo das universidades estrangeiras.
A escolha será árdua: na lista de países, não faltam opções atrativas para os candidatos, e são muitas as variáveis a ponderar. Os governos locais sabem dessas dificuldades. "Não se trata apenas de escolher a instituição. O estudante tem de avaliar a cidade em que vai ficar porque precisa adaptar-se a condições não encontradas no Brasil", indica Carla Albuquerque, gerente do British Council.
"Em Newcastle, anoitece às 16h. Morei numa cidade semelhante e tive de usar um aparelho emissor de luz infravermelha para adaptar-me à mudança de luz."
A fim de ajudar os estudantes a avaliar os prós e contras de cada localidade -e também de atrair mais visitantes-, os governos criaram feiras de promoção. O Canadá, os Estados Unidos e a França são alguns dos que, neste mês, reúnem escolas e faculdades para apresentar seus cursos a potenciais alunos.
A Austrália é um exemplo de país que aposta na criação de demanda de mestrandos e doutorandos por cursos no exterior. Criou neste ano a AEI (Australian Education International), agência de promoção do ensino e responsável pela Study in Australia, feira que reúne no Brasil 20 instituições de ensino daquele país.
"A meta é aumentar em 50% o número de brasileiros em cursos de idiomas, graduação, especialização e pós num prazo de um ano", anuncia a gerente do AEI, Priscila Trevisan. Atualmente, há 500 brasileiros em cursos de pós-graduação na terra dos cangurus.
"O ano letivo é o mesmo do brasileiro, os australianos já ganharam sete prêmios Nobel e o destino é considerado referência em áreas estratégicas, como biotecnologia e ambiente", enumera.

Vantagens
Para atrair a intelligentsia brasileira, os países oferecem uma série de regalias aos estudantes. Na Nova Zelândia, em 2004, foram criados programas de bolsas de estudo de pós-graduação. "Desde julho, doutorandos brasileiros pagam as mesmas taxas que os neozelandeses", diz Haike Manning, primeiro-secretário da Embaixada da Nova Zelândia.
No Reino Unido, estrangeiros com visto de estudante têm acesso gratuito ao sistema de saúde. Na Austrália, é permitido trabalhar por até 20 horas semanais. E, em algumas cidades alemãs, os acadêmicos têm acesso gratuito ao transporte público.
Mas é a França, onde pós-graduandos contam até com auxílio-moradia, o país que se destaca em infra-estrutura e benefícios para os estudos.
O engenheiro químico Carlos Henrique Lobão Pegurier, 39, escolheu os Estados Unidos para seu mestrado. "Só o MIT [Massachusetts Institute of Technology] oferecia, em 1998, um curso que englobava assuntos como gerenciamento e tecnologia", diz.
"Foi no mestrado que me interessei por outra área, na qual estou até hoje", afirma ele, que trocou a química pelas telecomunicações e tornou-se gerente-geral no Brasil da empresa Telcordia.


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