São Paulo, domingo, 19 de abril de 2009

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BANDEIRA ESTRANGEIRA

Empresas revisam política para envio de pessoas ao exterior

Para fugir da crise, forasteiros contatam consultorias

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Muitas empresas -nacionais e estrangeiras- estão revendo a necessidade de enviar seus profissionais para o exterior.
Levantamento realizado em fevereiro pela consultoria Mercer na América mostra que 42% de 280 companhias declararam que podem ou devem revisar seus programas de transferência de profissionais com o objetivo de reduzir custos.
Entre as iniciativas, aponta a consultora Renata Herrera, está o cancelamento temporário de programas.
Outras ações são a revisão do tempo de permanência do executivo em terra estrangeira e a redução de benefícios, como o auxílio para acomodação e educação -ajustando o contrato ao de um trabalhador local.
O sócio-presidente da consultoria Odgers Berndtson no Brasil, Luís Wever, porém, indica uma outra prática das matrizes, mas no sentido inverso.
Segundo ele, com a crise mais intensa em alguns países, tem havido um movimento de realocar executivos nas subsidiárias, com salários e benefícios similares aos de um funcionário local, para evitar demissões.
O Brasil inclui-se como uma das rotas de destino desses estrangeiros por ter sido menos impactado que algumas outras nações na turbulência global.
"Sempre se levaram em consideração [nas empresas] candidatos internos. Essa é uma oportunidade de manter o emprego", diz Wever. O executivo fica entre emigrar para outro país ou perder o emprego em sua terra natal. "O que é melhor: ficar desempregado ou permanecer no posto, mas em outro país?", questiona.

Crise light
Essa suposta resistência do Brasil no cenário econômico mundial mostra seus efeitos nos planos de carreira dos executivos estrangeiros -e não apenas por indicação ou sugestão das companhias.
Muitos deles, afirmam consultores, têm contatado agências brasileiras para sondar oportunidades de trabalho por aqui. "Principalmente executivos da Europa e dos Estados Unidos", pontua Wever.
Mesmo quem está em terras brasileiras e se vê na iminência de voltar busca recolocação por aqui, destaca Claudio Garcia, da consultoria DBM.
O austríaco Manfred Stanek, 39, era um dos que procuravam emprego no ano passado no Brasil, onde já morava desde 2006. Em abril, havia pedido demissão da consultoria na qual trabalhava. "Estava buscando novos desafios", lembra.
Sem "networking" aqui nem na Áustria, ele teve de escolher onde ficar. Sobre sua opção, Stanek resume: "As oportunidades no Brasil são maiores".
Em agosto já estava recolocado em uma multinacional da área de construção civil. "Ser estrangeiro abre portas porque os brasileiros gostam muito de quem vem do exterior. No entanto, para as empresas, é um risco, já que pode haver falta de adaptação desse profissional à cultura corporativa", analisa.



20.706
Foi o número de autorizações concedidas pelo MTE em São Paulo no ano passado. O Rio de Janeiro ocupa o segundo lugar na atração de estrangeiros, com 17.266 autorizações


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