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CRESCER PARA FICAR
Empresas mudam de tática para segurar os mais jovens
Nova geração é mais avessa a hierarquia e quer vivência internacional
DA REPORTAGEM LOCAL
O eterno conflito de gerações
se faz presente também nas
companhias e traz um desafio a
mais para os programas de retenção de talentos: conseguir
manter os jovens profissionais.
"Para a geração que tem mais
de 50 anos, estabilidade era
muito importante", diz Vicente
Picarelli, sócio de capital humano da consultoria Deloitte.
"A hierarquia, para essas pessoas, estava naturalmente presente na família, na igreja e na
empresa", completa.
Já os jovens talentos, que estão entrando agora no mercado
de trabalho, são bastante diferentes. "A nova geração, que
tem cerca de 25 anos, muda rapidamente, não suporta hierarquia e sabe lidar bem com informações", destaca Picarelli.
O foco desses jovens está no
constante desafio. Para isso,
não querem necessariamente
um desenvolvimento meteórico, com promoções sucessivas
-pode ser um movimento horizontal dentro da própria empresa-, desde que se sintam
permanentemente desafiados.
Adaptações
"A mobilidade internacional
é um dos grandes desejos dessa
geração", considera Eliane Aere, diretora de recursos humanos da Ticket. Além disso, segundo Aere, o jovem quer ter
reconhecimento e um espaço
para expor suas idéias.
Como a geração está familiarizada com internet e outras
tecnologias desde cedo, a empresa precisa adaptar sua linguagem. A intranet da Ticket,
por exemplo, deverá ser remodelada para que se torne mais
dinâmica, conta Aere.
O advento desse novo perfil
de profissional também trouxe
mudanças para a ArcelorMittal
Tubarão. "Para esses jovens,
bom salário, plano de saúde e
previdência privada são o kit
básico", diz José Augusto Servino, gerente de desenvolvimento e remuneração da empresa.
A questão imposta pelos novos profissionais é, além da visibilidade internacional e de
desafios que fujam à rotina,
quanto a empresa está disposta
a investir neles. "E não adianta
pagar um mestrado e depois colocar o funcionário em uma rotina idiota porque ele vai embora", alerta Servino.
Líderes
Por outro lado, a retenção
dos profissionais mais velhos
-os atuais líderes- também
está na pauta das corporações.
"As ações de retenção se concentram em qualidade de vida e
trabalho, remuneração, reconhecimento e desafio, tanto para jovens como para executivos", explica Rodolfo Eschenbach, responsável pela área de
desempenho humano da consultoria Accenture. "Entretanto, para executivos, os desafios
tomam um vulto maior. Têm de
ter maior intensidade."
Isso porque oferecer mais regalias a quem já tem quase tudo
de que precisa passa a não ser
mais tão sedutor. "Há um patamar em que a carteira de benefícios é tão ampliada que uma
variação nisso não faz diferença para segurar o profissional",
aponta Marisabel Ribeiro, da
Right Management.
A retenção, nesse caso, deve
estar focada em ofertar ao executivo desafios como assumir o
controle sobre novos mercados, exemplifica Ribeiro.
(MI)
Por que eu voltei à empresa
Gustavo Morcelli, 29, pôde
testar duas fases da
estratégia de retenção da
Techware Systems, onde é
gerente de marketing. Em
2006, quando tinha o cargo
de assistente, mudou-se
para uma empresa de varejo,
em que seria gerente.
"Queria responsabilidades
novas", conta. Enquanto
esteve fora, a Techware
Systems remodelou seu
departamento de marketing
e o chamou de volta.
"Retornei por uma soma
maior de benefícios,
participação nos lucros e a
possibilidade de formar
minha própria equipe e ter
mais autonomia."
Por que eu fiquei na empresa
Há 15 anos na Amil, o
matemático Rinaldo Luiz
Coltri, 41, gerente de
desenvolvimento de
sistemas, já recebeu três
convites para trabalhar em
outra companhia. Não
aceitou nenhum e sequer
pediu contraproposta à
empresa. "Já recebi convite
para ter salário maior, mas
o que sempre me prendeu
foram o investimento em
mim e a perspectiva de
crescer", conta. Em 2001, a
companhia subsidiou seu
MBA -o que ele viu como
um sinal de sua ascensão
na empresa. Há um ano,
assumiu um cargo de
gestão.
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