São Paulo, domingo, 20 de junho de 2010

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RECURSOS HUMANOS

Talento e cargo se desencontram

Empresas têm dificuldade em posicionar profissionais de acordo com suas competências

JORDANA VIOTTO
DE SÃO PAULO

Profissionais brilhantes com as competências necessárias para seu trabalho e potencial para se tornarem líderes e assumirem cargos mais altos são o eldorado dos gestores de recursos humanos.
Uma pesquisa da Bain & Company obtida com exclusividade pela Folha, no entanto, mostra que o cenário real é o inverso do desejado: existe alocação de profissionais de alto potencial em funções menos importantes da organização, enquanto funcionários menos talentosos ocupam posições críticas.
Na avaliação de Marcial Rapela, sócio da consultoria, a situação se desenhou conforme mercado e empresas ficaram mais complexos.
Operar sem posicionar pessoas em funções conforme suas características é, contudo, um risco para a continuidade do negócio.
Cientes disso, algumas empresas têm saído em busca de programas de gestão de talentos. Estudo recente da Mercer indica que 39% das organizações pesquisadas contam com modelos estruturados desse tipo.
Outras 24% estão no processo de implementação. O restante das empresas -37%- ainda não adotou métodos para a questão.

AVALIAÇÃO
"A primeira dificuldade é definir o tema segundo a realidade da companhia", diz Elaine Saad, gerente-geral da Right Management.
No Bradesco, foram definidas as qualidades necessárias para cada atribuição. Em comum, os funcionários devem ter facilidade de relacionamento, boa comunicação e espírito de trabalho em equipe, aponta o diretor de RH, José Luiz Bueno.
A AmBev também estabelece metas para cada pessoa de acordo com sua função.
"O progresso é medido por meio de avaliações semestrais feitas por subordinados, pares e superiores de cada profissional", diz Thiago Porto, gerente de desenvolvimento de gente da empresa.

TRANSPARÊNCIA
A Sama, da área de mineração, utiliza metodologia similar. As ferramentas identificaram o gerente de manutenção José Pires Morais, 41, para seu atual cargo, depois de dois anos de empresa.
"Na mesma área, temos um profissional com 34 anos de casa, mas ele não apresenta o perfil que desejávamos", explicita Moacyr Melo, gerente de RH.
Segundo Melo, o funcionário foi informado sobre a chegada de Morais e recebeu justificativa para a recusa. "A transparência deve ser parte da gestão de talentos", diz.


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