São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"NÃO ACEITO"

Recusa deve levar em conta planos para o longo prazo

Consultores destacam a importância de não se ater somente ao salário

DA REPORTAGEM LOCAL

Para quem está de fora, pode parecer uma atitude louvável recusar empregos em razão das condições oferecidas. Mas a questão é: até que ponto é válido não aceitar essas propostas?
"É preciso estar atento ao momento de mercado. Se ele estiver mais aquecido, o profissional poderá ser mais seletivo", afirma João Marcio Souza, diretor da divisão de contabilidade e finanças da Hays Brasil, consultoria de recrutamento.
A dica dos especialistas é que, mesmo que o salário esteja abaixo do de mercado, se a empresa for interessante para a carreira, vale a pena arriscar.
O porte da empresa foi um dos fatores que levaram o administrador de empresas pós-graduado em marketing José Alberto Amaro Rodrigues, 42, a permanecer desempregado. "Sempre atuei em empresas grandes e pretendo seguir esse padrão", explica Rodrigues.
Supervisor de vendas da Kaiser por dois anos, o administrador foi afastado da companhia em fevereiro, logo depois que ela foi vendida para a Femsa.
Desde então, Rodrigues deixou de aceitar cinco propostas. "Alguns eram informais e sem nenhum vínculo empregatício. Outros me ofereceram salários mais baixos do que eu recebia ou eram empresas pequenas."
Para ele, a situação é passageira. "É uma questão de tempo. Busco motivação nas minhas conquistas diárias. Se passar de oito meses desempregado, pensarei em aceitar temporariamente condições diferentes das que eu busco", planeja.
Por isso, enquanto espera pela resposta de duas empresas, ele já visualiza seu futuro. "Com o primeiro capital que entrar, vou montar um negócio próprio para ter outra fonte de renda e nunca mais me aborrecer em situações como essa."
Para Iaci Rios, consultora da DBM, especializada em transição de executivos, o período é importante para elaborar ou repensar o projeto profissional. "É preciso saber qual o próximo passo que se quer dar em relação à carreira. Nessa hora, a remuneração deve ficar em segundo plano", afirma Rios.
Segundo Rios, é a perspectiva de trabalho o que deve ser levado em conta prioritariamente. "O profissional deve ter um mínimo de estruturação financeira para ter tranqüilidade na hora da decisão. Ainda que seja com um salário mais baixo, o importante é que a atuação faça sentido a longo prazo", conclui.


Texto Anterior: Abrir negócio vira opção profissional
Próximo Texto: Ex-gerente desiste de buscar vagas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.