|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OSSOS DO OFÍCIO
Papai-noel encara 800 crianças num dia
da Reportagem Local
Sorriso no rosto, cara de "bonzinho" e muita paciência para lidar
com crianças. Essas são algumas
das características necessárias para quem trabalha como papai-noel. Mesmo sendo um trabalho
sazonal, que acontece apenas no final do ano, o papel de Bom Velhinho não é para qualquer um.
O aposentado Antonio Firmino,
53, atua como papai-noel há seis
anos e diz que "adora". "Não é
uma função difícil, mas é preciso
gostar muito para ser divertido."
Apesar de trabalhar apenas meio
período, ele conta que costuma
acordar cedo para cuidar de algumas coisas em casa e dar um jeito
na roupa e na barba de papai-noel,
antes de ir para o trabalho.
Contratado para trabalhar no
shopping Internacional, em Guarulhos, ele vai de carro para não
correr o risco de chegar atrasado.
"Sempre chego antes para poder
fazer tudo com calma", afirma.
Seu expediente começa às 10h,
mas o "ritual" para vestir a roupa,
fazer a maquiagem e colocar a barba e o bigode exige tempo.
"Demoro, pelo menos, 40 minutos. O mais difícil é a maquiagem
porque não pode ter falha."
Às 9h50, ele sai do vestiário do
shopping já pronto para assumir o
personagem que vai sorrir e conversar com cerca de 800 crianças.
O trabalho, segundo ele, não é
complicado. Sua função, além de
conversar com todas as crianças e
pessoas adultas que querem atenção, é posar para fotos.
Firmino diz que nem só as crianças fazem pedidos. "Muitos adultos e idosos querem chegar perto
para pedir alguma coisa."
Ele conta que a emoção que a
época de Natal desperta nas
pessoas faz com que muitas percam a vergonha e
realizem alguns desejos, o que causa
situações inusitadas. "Já tive de
prometer presente para
adulto e tirar foto
com pessoas idosas sentadas no meu colo."
Mas ele não reclama. Para Firmino, "tudo é divertido". E trabalhar
com algo que envolve tanta emoção é "gratificante", embora,
às vezes, a emoção da
criança seja diferente da dele.
"Mãe, ele é monstro! " Frases assim não escapam do seu dia-a-dia.
Segundo ele, sempre há crianças
que ficam assustadas quando
vêem o papai-noel ao vivo.
"Uma coisa
é ver a
imagem pela TV, outra coisa é ver
de perto, pegar na mão e escutar
ele dizer "ho, ho, ho'", diz Firmino.
Ele conta que uma das situações
mais engraçadas ocorre quando as
crianças começam a perguntar por
que ele bebe água de canudinho.
Se é complicado para as crianças,
para Firmino é muito simples.
"Não tenho como beber água sem
usar o canudinho. Com o copo
molho a barba, o bigode, a roupa, tudo."
A maior parte do tempo,
Firmino fica sentado.
Em quatro horas de
trabalho, passam
pelo seu colo cerca
de 500 crianças,
algumas vendo
o "velhinho
de roupa
vermelha"
pela primeira vez. "Quando isso
acontece, dá para perceber. Os
olhos brilham muito e ficam arregalados de tanta curiosidade."
Depois de passar quatro horas
posando para fotos e ouvindo pedidos, Firmino faz uma pausa rápida para poder ir até o banheiro
tirar a barba e o gorro.
"Jamais poderia fazer isso em
público. Isso quebraria o encanto
da criançada", explica.
Mãozinhas
Depois de descansar por dez minutos, Firmino volta para o seu
posto de trabalho, seguido por várias crianças, que disputam um espaço para pegar em sua mão.
Ele mantém o sorriso no rosto e
não esquece uma mãozinha sequer. "Há criança que pega de "levinho', outras seguram forte e não
largam de jeito nenhum."
Até chegar novamente à sua cadeira, Firmino tem de pegar muito
bebê no colo e dizer "olá".
Às 16h, quando acaba o expediente, Firmino ainda tem de brincar com a fila de crianças que vai
seguindo o papai-noel até o vestiário. Mas, depois que sai de lá trajando roupas normais, ele passa
despercebido e pode ir embora
sem ser abordado por ninguém.
"Nessa hora, só os seguranças e
as pessoas que trabalham na portaria me cumprimentam", diz.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|