São Paulo, domingo, 21 de junho de 2009

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PRÊMIO SAÚDE

Firmas põem exame físico como meta para bônus

Executivos precisam melhorar o corpo para receber verba maior

Marcelo Justo/Folha Imagem
A analista de cadastro Viviane Silva, que ganhou R$ 1.000 após ter participado de corrida de rua

RAQUEL BOCATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os bônus recebidos pelos executivos estão ligados a uma série de fatores, como desenvolvimento de competências e resultados apresentados. Mas há empresas que têm colocado outro quesito na lista: a saúde.
Após o check-up anual, os profissionais recebem uma avaliação com informações como doenças cardiovasculares, sobrepeso e hipertensão. Essa é a base para que médicos estabeleçam o que pode ser melhorado -e incluam essas diretrizes na avaliação do executivo.
Laboratórios e hospitais confirmam a tendência crescente de incorporação de saúde nas metas vinculadas aos bônus.
Para o diretor do Centro de Medicina Preventiva do Hospital Israelita Albert Einstein, José Antonio Maluf de Carvalho, essa tem sido uma prática cada vez mais comum nas empresas.
"Saúde virou patrimônio da diretoria [da companhia]", argumenta, sobre a necessidade de aplicação da estratégia.
Essa é uma tendência norte-americana que tem aterrissado por aqui, corrobora a gerente de gestão de saúde do Grupo Fleury, Débora Stibler.

Avaliação
Uma das empresas que adotam a prática é o grupo Algar. Se os 200 executivos não cumprirem as metas de saúde determinadas por uma equipe multidisciplinar, perderão 10% do bônus anual -redução que varia de R$ 3.000 a R$ 20 mil, conforme o salário.
"Hoje não temos casos de afastamento. Antes do programa, o índice era de 4% a 5%", comemora o vice-presidente corporativo de talentos humanos, Cicero Domingos Penha.
A avaliação, física e psicológica, é feita na própria empresa. Com ela, executivo e médicos chegam aos objetivos -que devem ser cumpridos nos 12 meses seguintes. "Criamos um estímulo para que a pessoa cuide de si", assinala Penha.
A diretora da regional Uberlândia da Algar Telecom (CTBC), Ana Paula Oliveira, 39, elogia a iniciativa. Diz ter emagrecido 15 kg nos últimos dois anos. Antes sedentária, passou a fazer exercício regularmente.
"No início, minha motivação foi o bônus", avalia. E completa: "Agora, não olho mais a "vida saudável" como obrigação. Isso já faz parte do dia a dia." Segundo ela, até hoje cumpriu todas as metas determinadas.

Acompanhamento
O grupo Algar conta com especialistas para dar orientação contínua aos funcionários. Consultores argumentam que essa medida é indispensável.
Se não houver controle, abre-se uma margem para a falta de equilíbrio, argumenta Débora Stibler. Há casos de pessoas que precisam perder peso e que recorrem a dietas drásticas no fim do período, exemplifica.
Sem orientação e controle, complementa José Antonio Maluf de Carvalho, "pode haver deterioração do quadro" de saúde do colaborador.

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