São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

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MEDICINA

Geriatria e genética têm mais espaço

Entre as outras especialidades com vagas estão radiologia, dermatologia e pediatria

CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"A profissão do médico está num momento muito bom", assegura o clínico-geral Eduardo Santana, vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos. Só no Estado de São Paulo, segundo o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado), há 136 municípios onde não existe nenhum médico.
A carência de profissionais significa oportunidade de trabalho para os 331.963 médicos ativos registrados no CFM (Conselho Federal de Medicina) e para os mais de 10 mil que se formam por ano, segundo o último censo do MEC (Ministério da Educação), de 2006.
Boa parte dessas vagas está no interior dos Estados, mas mesmo nas capitais há chances em algumas especialidades. As áreas em destaque, segundo especialistas entrevistados pela Folha, são radiologia, geriatria, dermatologia, cirurgia plástica, genética, saúde da família, pediatria e neurocirurgia.
No atendimento de emergência, há ainda espaço para clínicos, ortopedistas, ginecologistas e anestesiologistas.
As razões do crescimento de cada uma diferem. Para Aldemir Soares, primeiro-secretário da AMB (Associação Médica Brasileira), "a busca da população por se tornar cada vez mais jovem e bonita aumenta a demanda pela cirurgia plástica e pela dermatologia".
Fato que motivou um alerta, em agosto, do CFM, da AMB e do MEC dizendo que a medicina estética não é uma especialidade reconhecida -ou seja, os procedimentos que ela oferece devem ser feitos pela cirurgia plástica ou pela dermatologia.
Outro consenso na área é de que o envelhecimento da população exige mais geriatras. Elina Kikuchi, diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, estima que haja apenas 800 geriatras em todo o Brasil. Por ano, são ofertadas somente 52 vagas de residência médica em geriatria no país.
O Projeto Genoma Humano e a liberação de estudos com células-tronco fazem com que a genética se desenvolva. Hoje, entretanto, há só 24 especialistas na área no Estado de São Paulo, diz o Cremesp.
Mas são principalmente os biomédicos que atuam nesses projetos, por trabalharem com pesquisa e diagnóstico.
"A biomedicina é uma linha entre a biologia e a medicina. Estamos inseridos em todas as áreas da medicina, mas por trás da bancada, já que não podemos clinicar", diz Juliana Cuzzi, 29, formada em biomedicina e doutora em genética médica. Ela presta consultoria científica à Genesis Genetics Brasil, num trabalho ligado às clínicas de reprodução assistida.
Juliana aposta no crescimento de sua área: "Ou a gente investe no nosso próprio conhecimento ou vamos ter sempre de investir comprando o conhecimento dos outros".
Apesar das oportunidades e dos bons salários, os médicos costumam ter uma carga horária mais pesada que outros profissionais. Estudo da Fundação Getulio Vargas, de 2008, os coloca no topo do ranking de média salarial do país, com o valor de R$ 4.612,50. Mas atesta que 47,91% deles têm jornada dupla. Segundo pesquisa do Cremesp, 30% dos médicos paulistas trabalham mais de 60 horas por semana.
Essa perspectiva não assusta a vestibulanda paulistana Michelle de Queiroz, 21: "Sabe aquela profissão que te fascina? Você vê o paciente evoluindo".


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