São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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FARTURA NO DESERTO

Falta de adaptação é o principal obstáculo

Diferenças culturais podem afetar o desempenho

DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda que Dubai seja uma metrópole multiétnica, na qual a maioria dos habitantes é estrangeira, as leis e a cultura local seguem preceitos islâmicos, com os quais o ocidental geralmente não está acostumado.
"Isso significa que temos de respeitar e entender as diferenças e os costumes", diz Ivan Morais, 40, gerente da Perdix, marca internacional da Perdigão. "Por exemplo, no Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, trabalha-se só até às 14h."
Além das interferências religiosas no mundo corporativo, o profissional depara-se com uma fiscalização rígida, incomum no Brasil. "Aqui não existe "dar um jeitinho". A polícia é temida e, por qualquer escapada, a pessoa é banida do país", diz Mariana Pádua, 25, gerente de vendas do Grand Hyatt.
Na lista daquilo que os brasileiros sentem falta, diz Pádua, que vive em Dubai há três anos, está o boteco de esquina. "As bebidas alcoólicas são restritas a hotéis cinco estrelas, que pagam uma alta taxa ao governo."
Não é só a conta depois de tomar um drinque que assusta: o alto padrão de vida faz com que preços de moradia e de alimentação também sejam elevados. "É por isso que não adianta os brasileiros viajarem para cá para lavar pratos, pensando que poderão economizar dinheiro", ressalta Cecília Reinaldo, sócia e diretora de operações da imobiliária High Society.

Espaço feminino
Por se tratar de um país com características típicas da tradição muçulmana, são as mulheres que mais costumam ponderar quando recebem o convite para ir trabalhar no emirado.
As brasileiras que vivem em Dubai ouvidas pela Folha, entretanto, afirmam que não enfrentaram preconceito aberto.
A jornalista Patrícia Farias, 35, por exemplo, conta que ficou surpresa quando viu a quantidade de mulheres locais no mercado de trabalho. "Quando vou à Starbucks, conto em média cinco mulheres com telefones e notebooks, fazendo negócios", exemplifica.
Na hora de negociar, porém, os executivos locais ainda preferem lidar com homens, salienta Cecília Reinaldo. "O que é que eu posso fazer? Mordo o lábio e não vou", conta. (MCN)


NA INTERNET -
www.uae.org.br
www.dubaichamber.ae



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