São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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ORIENTE NO TRABALHO

1 em 5 nikkeis já foram ao Japão para trabalhar

MARIA CAROLINA NOMURA
DA REPORTAGEM LOCAL

Há cem anos, desembarcavam no Brasil os primeiros japoneses que buscavam, em terras tropicais, melhores condições de trabalho e de vida.
Hoje, são seus descendentes que viajam à terra do sol nascente com os mesmos sonhos.
Mas, no lugar da lavoura onde os imigrantes depositaram suor, entram em cena as linhas de produção de automóveis e eletrônicos em que seus filhos, netos e bisnetos empenham de 12 a 18 horas diárias de trabalho, seis vezes por semana.
O fenômeno do decasségui, que significa "ir trabalhar fora", teve início na década de 1980. "Era comum ver anúncios de trabalho muito convidativos para os imigrantes e seus descendentes", recorda Masato Ninomiya, presidente do Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior.
Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha com nikkeis -imigrantes do Japão ou seus descendentes-, 90% deles têm alguém da família que já foi trabalhar no Japão e 21% cruzaram o planeta para trabalhar.
Trata-se de homens e mulheres com idade entre 35 e 44 anos (42%) que permanecem no país por 3,8 anos, em média. O estudo do Datafolha foi feito com 607 pessoas na cidade de São Paulo entre 15 e 19 de fevereiro de 2008 e tem margem de erro de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.
Dos que ficam no Japão por até um ano, 30% são netos de japoneses. Entre os que permanecem até três anos, 36% são filhos, e, dos que ficam mais de cinco anos, 40% são japoneses.
Este foi o caso de Noriko Watanabe, 67, que veio ao Brasil com 12 anos e retornou ao Japão para ajudar no orçamento de casa. "Sofri muito", conta.
Sua principal vantagem, lembra, foi o fato de falar japonês: "Mas existe bastante preconceito contra os decasséguis".

Tradição
Há quem encontre a profissão de sua vida em terras nipônicas -caso de Eitor Yoshi, 38. Impaciente por não ter emprego em sua área de formação -computação-, embarcou para o Japão a fim de trabalhar.
"Fui para uma gráfica, mas tive o incentivo de primos para trabalhar na clínica de meus avós japoneses com acupuntura, uma tradição da família."
Quando voltou ao Brasil, dois anos mais tarde, Yoshi largou de vez a computação e começou a estudar fisioterapia. "Sou feliz como acupunturista", celebra.


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