São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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AUMENTO

Pedir é último recurso para obter o reajuste

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Pedir não é a melhor maneira de engordar o salário. Ao menos é o que mostra um estudo do Grupo Catho, que revela que só 10% dos aumentos aprovados resultam de pedido do funcionário.
A porcentagem de reajustes concedidos por recomendação do chefe direto, sem pedido formal do empregado, é de 18,9%, e a de aumentos dados espontaneamente pelas empresas fica em 33,6%.
"Pedir não é a melhor estratégia. É direito do funcionário, mas as empresas não recebem bem. Eu não aconselho", afirma José Carlos Figueiredo, consultor do Grupo Catho. "O aumento, em geral, é uma iniciativa da empresa."
"O ideal é a companhia não esperar o empregado argüir. Isso é sinal de que há algo errado no processo de gestão", diz Pedro Alexandre Pinheiro, da Mercer Human Resource Consulting.
Estudo da Mercer revela que, progressivamente, os executivos recebem mais aumentos individuais, desvinculados dos coletivos. Ou seja, a regra geral é a de que vale mais o desempenho de cada um. Mas o melhor caminho para chegar ao acréscimo também depende do caso específico.
Na maioria das companhias, não há planos de carreira definidos nem avaliação periódica de desempenho. Conclusão dos consultores: sem colocar o chefe contra a parede, fica difícil obter acréscimo nos rendimentos.
Se a única saída for realmente pedir o aumento, é preciso tomar alguns cuidados. Além de a empresa estar em boa fase, é preciso que a relação do empregado com o empregador também atravesse um período sem conflitos.
A secretária-executiva Ruth Sel-lan, 30, esperou um ano pela hora certa para renegociar o valor do seu salário com o chefe, o holandês Job Onkenhout, 50. Pediu aumento -em inglês- na última segunda-feira. "Esperei completar um ano [no emprego]. A data exata me deixou mais à vontade para conversar", revela.
Já Marcos Antônio de Camargo Junior, 20, conta que deixou o emprego na área de marketing de uma escola porque não via chances de crescer. "Sempre que o assunto era aumento, meu chefe fechava a cara e fazia um tom sério, que não era próprio dele. Falar sobre isso era como cometer um crime." Ele fez sua última tentativa em dezembro de 2003. A resposta, negativa, só veio em março deste ano. "Saí em abril." (BL)


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