S?o Paulo, domingo, 23 de outubro de 2011

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Reorientar carreira é alternativa

Demissão é reação impulsiva e deve ser evitada antes de autoavaliação, segundo consultores

DE SÃO PAULO

Ambiente insuportável e insatisfação constante no trabalho muitas vezes levam a uma decisão: a demissão. "Jogar a toalha", contudo, "não é a melhor alternativa", considera Elaine Saad, gerente-geral da consultoria Right Management. "Essa é uma reação impulsiva e emocional, que só causa frustração."
Marcelo Mariaca, presidente do conselho da consultoria que leva seu sobrenome, concorda. Simplesmente sair do emprego, diz, "é eximir-se da responsabilidade de administrar a própria carreira".
Analisar o que está errado e o que dá certo na vida profissional ajuda a ter perspectivas, orienta Saad.
É o que tenta fazer o funcionário público M.V., 34. Segundo ele, o melhor agora é insistir no cargo que ocupa, ainda que esteja infeliz.
O motivo da insatisfação, diz ele, é o modo como colegas e chefia o veem. As conquistas e os resultados não são reconhecidos. Somente as falhas são ressaltadas -e nos "feedbacks" formais.
"Não confio nos meus colegas e fico desesperado ao pensar na avaliação, mas gosto do que faço", conta.
Nem todos, porém, conseguem suportar o ambiente. A estudante de marketing C.F.C., 22, por exemplo, chegou ao extremo: desistiu da profissão devido à única experiência ruim que teve.
A jovem deixou o emprego na área de departamento pessoal para ser estagiária em marketing. Contudo, não exerceu as atividades prometidas. "Fazia de tudo, menos dar assistência ao marketing. Era assessora de assuntos aleatórios", lembra.
C.F.C. faz parte de uma realidade identificada pelos consultores: jovens são mais infelizes. A ansiedade, dizem, é o principal fator. "Eles chegam ao mercado com visão distorcida e acreditam que vão mudar, fazer e crescer rápido", afirma Danilo Afonso, gerente de projetos do Idort (Instituto de Organização Racional do Trabalho).
Ao mesmo tempo, afirma Mariaca, eles relegam à empresa a condução da carreira. "Demoram a perceber o quanto são responsáveis pela felicidade profissional."

NOVA ROTA
Mas, por vezes, mesmo conhecendo o próprio papel na trajetória, a análise leva a um reposicionamento.
"Eu me doei e não recebi nada em troca", reclama a publicitária Janaína Arena, 30, sobre os empregos, de, em média, dois anos, que teve. "Mudava porque sabia que ficaria estagnada", conta.
"[Eu] me desiludi", afirma a publicitária, que abandonou a profissão e abriu negócio na área de depilação.



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